Junho. Se tudo correr como espera o primeiro-ministro espanhol será no primeiro mês de verão que o país terá regressado “à nova normalidade” depois da pandemia de Covid-19 se ter espalhado pelo mundo.

Pedro Sánchez apresentou esta terça-feira a estratégia aprovada em Conselho de Ministros, depois de cinco horas de reunião, e que prevê que a saída do confinamento seja feita em quatro fases, de forma “gradual, assimétrica e diferenciada”, já que também “a evolução da pandemia no território é distinta”.

Cada fase durará cerca de duas semanas, o que significa que Espanha terá dois meses pela frente até que os dias da quarentena fiquem para trás.

“Na melhor das hipóteses, a fase de mitigação até à nova normalidade terá uma duração mínima de seis semanas”, sublinhou o primeiro-ministro, salientando que este movimento será coordenado em toda a Espanha. O seu desejo é de que “a duração máxima seja de oito semanas para todo o território espanhol”, embora não se tenha comprometido com datas específicas para cada fase. Tudo dependerá da evolução da pandemia.

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Fase zero e fase 1: da pequena loja ao pequeno comércio

A estratégia tem nome, Plano de Transição para uma Nova Normalidade, e começa na fase zero, uma espécie de preparação para a saída do confinamento, durante a qual só começarão a abrir pequenas lojas, restaurantes incluídos, mas sem ser possível, nestes últimos, consumir no local. Durante esse momento todo o comércio deverá preparar-se para dar o passo seguinte: a fase 1 ou fase inicial.

Na fase zero da transição para a normalidade, as crianças poderão sair à rua — medida que teve início no domingo passado — e os adultos poderão sair para fazer desporto, com efeitos a partir do próximo sábado. A 4 de maio, começam  então a abrir as pequenas lojas, mas apenas por marcação.

Na fase 1 começará o arranque, ainda parcial, das pequenas empresas. “Nesse momento abrirá o pequeno comércio sob condições estritas de segurança”, explicou Pedro Sánchez. Será também nesta fase que abrirão hotéis e alojamentos turísticos, embora os espaços comuns continuem a estar vedados aos visitantes. Lugares de culto, como igrejas e mesquitas, também voltarão a abrir as portas aos fiéis.

“Se temos de escolher entre prudência e risco, escolhamos a prudência”, defendeu o presidente do Governo espanhol. O comportamento individual, frisou, é a chave para travar a pandemia e voltar ao normal: “Esse é sem dúvida o melhor patriotismo.”

Fase 2 e fase 3 são o regresso à “nova normalidade”

Antes do novo normal, Espanha terá ainda de passar pelas fases 2 e 3. O plano do seu Governo, explicou Sánchez, foi beber ideias a outros países, adaptadas à realidade espanhola: “O único objetivo é pôr Espanha em marcha e proteger os espanhóis.”

Assim, na fase 2, a atenção é para as escolas, com o ano letivo a recomeçar em setembro. Apesar disso, alguns estabelecimentos de ensino poderão ter autorização para abrir, de forma excecional, antes dessa data para ajudar os espanhóis a conciliar a vida familiar com a profissional.

Nesta fase intermédia, como lhe chamou Sánchez,  teatros e outros espaços culturais poderão abrir com um terço da sua lotação, valor que sobe para os 50% nos lugares de culto. Nesta fase, o Governo espanhol espera que também a caça e a pesca desportiva possam ser retomadas.

Na fase 3, “de nova normalidade”, os espaços comerciais poderão receber metade da sua lotação, e os clientes terão de manter dois metros de distância entre si. O uso da máscara será recomendado.

Para Pedro Sánchez o processo de transição que Espanha agora inicia é o momento “mais perigoso e difícil” da pandemia. A “impaciência”, defendeu, não deve pôr em risco todo as as conquistas na luta contra o novo coronavírus. Neste momento, ficar fechado em casa já não é suficiente e será necessário respeitar “a todo o momento” as regras do distanciamento social.

O primeiro-ministro espanhol anunciou ainda que irá propor um novo prolongamento de 15 dias do estado de emergência que Espanha iniciou em 15 de março e que vigora até 9 de maio.