O Governo esteve reunido esta terça-feira com promotores e organizadores de festivais de música ao ar livre e, no final da reunião, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, “chutou” uma primeira decisão sobre a realização ou não destes festivais ao longo do verão, e nomedamente já em maio e junho, para quinta-feira.

Questionada pela RTP sobre se será possível haver este ano festivais de verão que aglomerem milhares de pessoas em Portugal, dada a pandemia do novo coronavírus, Graça Fonseca disse que não ia responder já e acrescentou: “Ouvimos os vários promotores. São festivais muito diversos, os que aqui estiveram em discussão. O objetivo foi ouvir, perceber a heterogeneidade e a vontade que todos têm e nós também temos de manter alguma atividade, mas agora temos de analisar os contributos e tomar essa decisão”.

Como sabe, esta semana em Conselho de Ministros vamos tomar uma decisão global e portanto [a decisão sobre festivais no verão] será incluído no plano global do relançamento da atividade e do que é que é possível fazer ao longo das próximas fases, nomeadamente maio e junho. Vai ser um plano progressivo. Vamos analisar o que ouvimos hoje”, referiu Graça Fonseca.

Na reunião estiveram, além da ministra da Cultura, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, a ministra da Saúde, Marta Temido, o primeiro-ministro, António Costa, e os promotores de festivais de música e concertos Álvaro Covões (Everything is New — organizadora do NOS Alive), Roberta Medina (“Better World” — Rock in Rio), Luís Montez (Música no Coração — MEO Sudoeste, Sumol Summer Fest e Super Bock Super Rock), João Carvalho e Filipe Lopes (Ritmos — NOS Primavera Sound e Vodafone Paredes de Coura) e Jorge Lopes (MEO Marés Vivas, Pavilhão Rosa Mota).

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Ainda questionada pela comunicação social presente, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, admitiu a hipótese de rever as medidas aprovadas para tentar proteger e salvaguardar espectáculos culturais agendados mas não realizados, que foram criticadas por parte do setor que as considerou insuficientes. “Este é um diálogo que já vem do passado. O Governo aprovou há semanas medidas relativamente ao reagendamento e cancelamento de espetáculos”, lembrou, assumindo que “o impacto económico” da paralisação e os prejuízos dos agentes culturais foram um dos temas de conversa. A ministra reconheceu ainda: “É uma frente que vamos retomar, reavaliando se o diploma que foi aprovado deve ou não ser adaptado a nova realidade. Provavelmente sim, mas vamos decidir em função do que ouvimos hoje”.

A reunião desta tarde entre Governo e promotores de festivais de música (@ FILIPE AMORIM/OBSERVADOR)

Antes, numa declaração inicial prévia a qualquer questão, a ministra da Cultura tinha feito uma breve síntese do encontro: “Ouvimos as preocupações de todos os promotores e quais são os desafios que se colocam, principalmente este verão pela situação epidemiológica que temos vivido e agora com o reaproximar de uma reabertura progressiva para os próximos meses. Hoje foram identificados os principais desafios, a partir das principais questões que nos foram colocadas. O Governo irá decidir em seguida sobre aquilo que ouvimos hoje e sobre qual o melhor caminho para o futuro”.

Álvaro Covões: “Confiamos que o Governo tome as melhores decisões”

Da parte dos promotores de espetáculos, Álvaro Covões, da Everything is New e da APEFE – Associação Promotora de Espetáculos, Festivais e Eventos, disse aos jornalistas que na reunião foi transmitido ao Governo que todo o setor “tem vontade de começar a trabalhar o mais rapidamente possível”, mas está consciente que “esta abertura tem de ser progressiva e com segurança”. Portanto, acrescentou: “Confiamos agora que o Governo tome as melhores decisões para iniciarmos a retoma que tanto se tem falado. Estamos todos com vontade de ver um palco, um espetáculo, um artista”.

Já Roberta Medina, organizadora do festival Rock in Rio Lisboa — um dos festivais previamente agendados para junho e que já adiou a sua edição para 2021, ao passo que outro deles, o NOS Primavera Sound, foi para já adiado para o mês de setembro de 2020 —, quis “agradecer ao Governo a disponibilidade” para ter “várias áreas” do Executivo (estiveram presentes ministros da Saúde e Cultura mas também da Economia) “a pensar e reconhecer o valor da indústria como um todo, o valor da cultura e do entretenimento [também] como parte da ativação importante da economia do país e do turismo”.