Itália, país onde se registaram 26.977 mortes por Covid-19 desde o início da pandemia – o segundo maior do número, atrás apenas dos Estados Unidos –, procura regressar à “normalidade” possível, atendendo a que possui o terceiro maior número de infectados do mundo. Segunda-feira, a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) encetou a retoma da actividade, em múltiplos locais, inclusivamente na fábrica Sevel de Atessa, onde a maior parte dos 6000 funcionários voltou ao seu posto de trabalho, depois de o conglomerado italo-americano ter tomado as medidas acordadas com os sindicatos locais a 9 de Abril.
O referido acordo prevê a implementação de “todas as acções possíveis para garantir a todos os trabalhadores da FCA a máxima segurança sanitária no recomeço das actividades de produção até agora suspensas”. Para uma só fábrica, em números, isso obrigou a que fossem desinfectados mais de 300 mil metros quadrados de superfície nas oficinas e instalados para cima de 600 pontos com equipamento de desinfecção, para que os trabalhadores possam limpar diariamente as ferramentas que utilizam durante o seu turno.
A informação é outra arma de combate à Covid-19, com a FCA a anunciar que entregou mais de 6000 brochuras, afixou 18.000 cartazes e apela constantemente à adopção de comportamentos preventivos em 15 pósteres gigantescos e em mensagens que difunde através de 25 ecrãs. Uma campanha informativa que o grupo italiano promete continuar “nos próximos dias”, promovendo “formação sobre as normas de segurança através das plataformas online de e-learning, dos canais de comunicação interna e com os responsáveis dos diversos sectores com o suporte de pessoal especializado e médico”.
Porém, talvez a medida mais impactante seja aquela a que os trabalhadores são sujeitos antes de entrarem na fábrica onde se produzem veículos comerciais em joint-venture com a PSA. Isto porque passou a existir uma dezena de câmaras termográficas de controlo da temperatura corporal. A FCA fala em “rígidos controlos nas cancelas de acesso de Sevel”, com a medição da temperatura utilizando câmaras térmicas fixas e móveis e termómetros manuais à distância.
Antes de reabrir, a fábrica italiana voltou a ser submetida à mesma operação de limpeza e de higienização de que foi alvo quando a produção foi suspensa, a 17 de Março. “Foram feitas intervenções em 18 áreas de descanso, em 52 instalações sanitárias, em 29 vestiários com mais de 7400 armários, em dois postos médicos e em quatro refeitórios, que verão a capacidade reduzida e os turnos ampliados para respeitar a norma da distância de um metro entre as pessoas.” O que nem sempre é possível:
E essas pessoas, os trabalhadores, só voltam de máscaras e de luvas, sendo-lhes fornecido diariamente um kit de protecção pessoal cujo uso é recomendado inclusivamente nos transportes públicos, para aqueles que se deslocam desta forma para o trabalho.
Algumas pequenas divisões de Cassino, Pomigliano, Termoli e Mirafiori, ligadas à fábrica de Abruzzo para produção de componentes, também recomeçaram ontem a actividade, neste quadro fora do comum motivado pela Covid-19.
O Grupo FCA detém 203 fábricas no mundo, emprega 198.000 pessoas, mais de 82.000 das quais em Itália, o que o converte no principal empregador do país.