Jair Bolsonaro acusou no Facebook a Organização Mundial de Saúde (OMS) de incentivar a masturbação, homossexualidade e relações sexuais em crianças até aos 12 anos. Num post feito na noite de quarta-feira na rede social, o Presidente do Brasil partilhou uma lista com alegadas diretrizes da entidade relativamente à educação sexual.

Na publicação, entretanto apagada, Bolsonaro, que não citou qualquer fonte, começava por afirmar “essa é a Organização Mundial de Saúde (OMS) que muitos dizem que devo seguir no caso do coronavirus”, questionando: “Deveríamos então seguir também suas diretrizes para políticas educacionais?”. Segundo escreveu o Presidente brasileiro, a OMS defende, entre outras coisas, que crianças do 0 aos 4 anos devem “expressar suas necessidades e desejos, por exemplo, no contexto de ‘brincar de médico’”, e que menores entre os 9 e 12 anos devem ter a sua “primeira experiência sexual”.

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, a informação foi partilhada algumas horas depois de o assessor especial da Presidência e irmão do ministro da Educação, Arthur Weintraub, ter publicado um tweet com as mesmas acusações e uma ligação para um site de fake news, o Summit News, onde a mesma informação aparece. No Twitter, Weintraub acusou ainda a OMS de fazer “ideologia de género”.

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Como explica também O Estado de S. Paulo, as publicações de Bolsonaro e Weintraub, com origem no Summit News, são uma distorção de um guia preparado em 2010 pela OMS num esforço de “garantir que crianças tenham informações precisas e apresentadas de forma sensível sobre sexualidade”. As indicações do documento não são dirigidas a menores, mas a educadores, pais, responsáveis e governantes em países da Europa Ocidental e Ásia Central.

As passagens  especificamente destacadas pelo Presidente brasileiro e o seu assessor foram retidas de uma lista para educadores em que se alerta que as diretrizes devem ser analisadas com base “no desenvolvimento individual” de cada criança.