Ao contrário do mistério de Kim Jong Un, aqui toda a gente sabe a resposta à pergunta. Mas, ainda assim, toda a gente se questiona: onde está Vladimir Putin? Não que não saibam, lá está, mas porque o presidente da Rússia se isolou e reduziu ao máximo os seus contactos pessoais, numa altura em que o país ultrapassou as 100 mil infeções, passando a China. Aliás, nos últimos sete dias, a Rússia duplicou o número o número de casos.

O número de mortes também subiu esta quinta-feira, depois de terem sido confirmadas 101 vítimas morais nas últimas 24 horas. O vírus vitimou 1.073 pessoas no país, segundo os dados das autoridades russas. E Putin?

Está isolado na sua residência em Novo-Ogaryovo – um palácio construído no século XIX e localizado nos subúrbios de Moscovo. Foi dali que começou a trabalhar no início de abril, uma semana depois de visitar um hospital na capital russa – o principal no combate à Covid-19 – e de ter contactado com um médico que viria a dar positivo para o novo coronavírus logo após a visita de Putin. De acordo com o The Moscow Times, além da breve guerra russo-georgiana em 2008, esta é a primeira vez em 20 anos que Putin não gere pessoalmente uma grande crise nacional.

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Putin na visita ao hospital em Kommunarka (ALEXEY DRUZHININ/SPUTNIK/AFP via Getty Images)

É de lá, do Novo-Ogaryovo, que chegam as suas aparições públicas, sempre por via videoconferência. Segundo escreve o El Mundo, Putin não tem telemóvel nem email, mas adaptou-se bem às videochamadas.  A mais recente aconteceu esta quarta-feira, no decurso de uma reunião com governadores regionais transmitida pela televisão e onde o presidente revelou que a Rússia ainda não tinha atingido o pico da pandemia, mas admitiu uma redução progressiva das medidas de confinamento a partir de 12 de maio.

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A situação permanece difícil. Os especialistas e os cientistas com quem estamos em contacto permanente para verificar os nossos planos e medidas dizem que o pico ainda não foi atingido”, disse.

No dia em que se celebrou a Páscoa ortodoxa, 19 de abril, Putin também se dirigiu à população para garantir que a situação estava “sob controlo total” e “tudo ficará bem, com a ajuda de Deus”. O presidente russo declarou o mês de abril como um mês de férias e não como um mês de isolamento. Segundo o The Moscow Times, Putin queria evitar suscitar o medo ou pânico na população, mas os russos interpretaram a mensagem de forma literal e foram para os parques mais próximos fazer piqueniques.

President Putin congratulates Russians on Orthodox Easter

Vladimir Putin, em Novo-Ogaryovo ,no dia em que se celebrou a Páscoa ortodoxa (Alexei DruzhininTASS via Getty Images)

O líder russo está a levar o distanciamento social muito a sério. Os contactos pessoais do presidente da Rússia são mantidos ao mínimo. O seu porta-voz, Dmitry Peskov, revelou esta semana que todas as pessoas que se encontram pessoalmente com Putin são obrigados a realizar testes para o novo coronavírus. Governantes, responsáveis municipais e médicos – todos aqueles que se querem encontrar com ele são testados.

É obviamente impossível conseguir ter uma reunião com o presidente sem fazer testes. Quem as faz é testado de uma maneira ou de outra”, disse o porta-voz.

Peskov já veio esclarecer esta segunda-feira que o presidente não está escondido da pandemia “em nenhum bunker”. O porta-voz explicou que o presidente trabalha constantemente, independentemente do horário de trabalho ou dia da semana. E que também gosta de fazer exercício no ginásio do palácio e na piscina “como sempre”. “Existem sempre muitos rumores e na maioria das vezes não têm nada a ver com a realidade“, disse, citado pelo The Moscow Times.

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