Vários governantes de nações africanas estão a importar grandes quantidades de um tónico natural, fabricado em Madagáscar, que o Presidente desse país, Andry Rajoelina, está a apresentar como sendo uma cura para a Covid-19. A BBC relata que um dos últimos chefes de estado a embarcar nesta teoria foi John Magufuli, Presidente da Tanzânia, que diz ter enviado um avião rumo a essa ilha do Índico para importar o tal remédio milagroso feito à base de plantas. O governante do Congo-Brazzaville, Denis Sassou Nguesso, também prometeu fazer o mesmo.

Ao que parece, este tónico milagroso que leva o nome de “Covid-Organics” é feito a partir de uma planta chamada artemísia, componente base de um medicamento utilizado no tratamento da malária. Responsáveis do governo de Madagáscar contaram à BBC que a bebida começou a ser comercializada depois de se realizarem testes a menos de 20 pessoas durante um período de três semanas.

Apesar de amplamente defendida pelo  Presidente de Madagáscar, esta “cura” até é criticada pelas autoridades médicas do país, que questionam a veracidade da suposta eficácia da bebida. A agência governamental de saúde Anamem chegou a dizer que este tónico pode ser potencialmente prejudicial à saúde das pessoas. Rajoelina não recuou e já ordenou que a bebida fosse entregue gratuitamente às pessoas mais vulneráveis.

Entretanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) já se pronunciou sobre este assunto, afirmando que não existe qualquer prova de cura e aconselhando as pessoas a que não se automediquem. O próprio diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, garantiu que “não existem atalhos” para encontrar uma mediação eficaz no combate ao coronavírus. Varios testes, em todo o mundo, estão a decorrer para encontrar um tratamento ou vacina eficaz, acrescentou a OMS.

Mesmo assim vários países africanos continuam a comprar grandes carregamentos desta bebida. Este sábado, por exemplo, Madagáscar entregou uma remessa na Guiné-Bissau. Representantes do governo da Guiné-Equatorial, explicou o líder de Madagáscar no Twitter, também já recolheram um carregamento deste “Covid-Organics”.

De entre todos os “clientes” deste remédio milagroso, o presidente da Tanzânia, John Magufuli, é um dos que mais tem sido contestado, isto porque continua a incentivar reuniões em locais de culto, por exemplo. Neste momento a Tanzânia terá cerca de 480 casos confirmados de coronavírus, mas Magufuli já disse em público que esse valor pode ser exagerado e que duvida da credibilidade do laboratório nacional do seu país. Afirmou ainda que secretamente mandou testar uma papaia, uma codorniz e uma cabra com este remédio e os resultados foram positivos, diz a BBC.

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