Era a palavra que faltava, era a palavra mais esperada, era a palavra que mais se queria. No final de uma reunião por videoconferência com os líderes dos 16 estados da Alemanha, Angela Merkel anunciou uma série de decisões de desconfinamento. Uma delas, relativa ao futebol. “A Bundesliga pode retomar as suas operações em breve”, disse a chanceler, entre outras medidas como a reabertura de lojas com novas normas de segurança, o regresso gradual às escolas mantendo o ensino universitário à distância, a possibilidade em alguns estados de retomar os serviços religiosos e as visitas em familiares que estejam em lares (se não houver casos ativos).
Alemanha prepara-se para anunciar regresso da Bundesliga, diz agência
“Conseguimos o objetivo de desacelerar a propagação do vírus porque os nossos cidadãos conseguiram ter um comportamento responsável e salvaram a vida de outros. A primeira fase da pandemia passou mas estamos ainda no início global da pandemia e temos uma longa luta contra o vírus pela frente”, acrescentou em termos globais, numa fase onde o valor do R está abaixo de 1 e as novas infeções tão abaixo dos 1.000 novos casos.
“Este compromisso que houve com o futebol é absolutamente justificável, apesar de ser uma matéria controversa”, acrescentou ainda Markus Söder, líder da Baviera, falando a propósito de uma decisão que já era esperada mas que só hoje foi ratificada, permitindo que a Bundesliga volte ainda em maio, no dia 16. E a dúvida em torno da data tem sobretudo a ver com o que se passou nos últimos dias, com os dez resultados positivos detetados nos mais de 1.700 testes a jogadores, técnicos e elementos do staff das equipas do primeiro e segundo escalão. Em paralelo, um vídeo do avançado do Hertha Berlim, Salomon Kalou, mostrou que no caso daquele clube muitas das regras que estavam previstas não se encontravam a ser cumpridas pelo próprio e demais companheiros.
Ultrapassada esta situação, que levou por exemplo o Erzgebirge Aue a colocar todo o plantel de quarentena por haver um caso positivo, a Bundesliga vai mesmo voltar, o que terá impactos a vários níveis. Exemplos: podem ser recebidos por parte dos clubes os 300 milhões de euros ainda em falta relativos aos direitos televisivos até ao final da temporada de 2019/20 e campeão, acessos europeus e descidas serão discutidas em campo. O único contra, para já, prende-se com o descontentamento que alguns adeptos já manifestaram em termos públicos pela realização dos jogos à porta fechada – havendo ainda assim medidas criativas e alternativas como a que o B. Mönchengladbach teve, preenchendo o recinto com imagens de cartão enviadas pelos seus sócios e adeptos.
De recordar que a Bundesliga foi o primeiro grande Campeonato a permitir que as equipas voltassem aos trabalhos individuais, antes de um período que atravessa nesta fase com treinos de conjunto. Quando a bola voltar a rolar em termos oficiais, os recintos estarão divididos em três zonas que só poderão ter um máximo de 100 pessoas cada uma: a secção central pertence aos 22 jogadores em campo, aos 18 nos bancos de suplentes, aos cinco árbitros e a 53 outras pessoas, incluindo equipas técnicas e profissionais de socorro; as bancadas serão a segunda zona e a área circundante ao estádio é a terceira. Todos os jogadores serão testados antes dos jogos.
Noutras medidas já anunciadas e desenvolvidas num plano de regresso à competição, a Bundesliga não terá crianças a acompanhar os jogadores na entrada em campo, o cumprimento inicial entre as equipas fica suspenso e o aquecimento será feito à vez para evitar que as equipas se cruzem no túnel de acesso ao relvado. Além disso, o documento prevê que não sejam tiradas fotografias com o onze inicial e que, no banco de suplentes, cada jogador tenha uma garrafa com o nome, para que cada atleta só utilize a própria garrafa.
Nos balneários, é recomendado que o tempo de permanência seja reduzido ao mínimo possível. O uso de chuveiro vai ter de ser individual para evitar a propagação do vírus e, por isso, pode mesmo vir a se exigido que esta parte da higiene dos jogadores seja feita em casa ou no hotel. Além disso, a utilização dos equipamentos de ginásio para aquecimento e jogo poderá ter de ser feita com luvas descartáveis e máscaras. Todo o uso de piscinas e banheiras de hidromassagem fica proibido. Em cenário de lesões, os responsáveis médicos terão de usar várias proteções, incluindo máscaras e luvas descartáveis. Quanto aos alimentos, será proibido catering externo e a comida disponível para os jogadores terá de ser preparada no hotel e não pode ser consumida nos balneários.