A cidade de Jilin, localizada na província do nordeste da China (junto à fronteira com a Rússia e a Coreia do Norte) avançou com um novo plano de confinamento para conter o ressurgimento repentino de infeções por Covid-19. O fecho das escolas — que reabriram as portas há menos de um mês — a suspensão de todos os serviços de transportes públicos, o encerramento de locais públicos, como teatros, cafés ou salas de mahjong, bem como restrições à circulação de pessoas, foram as principais medidas tomadas.
Os mercados ao ar livre, onde a maioria da população se abastece de mantimentos, também serão encerrados esta quinta-feira e por tempo indeterminado, de forma a impedir os ajuntamentos, informaram as autoridades da cidade de Jilin em comunicado. Além disso, os residentes estão a ser submetidos a testes de despistagem do vírus e só podem sair 48 horas após testarem negativo, segundo relata o jornal La Vanguardia.
“A situação atual da Covid-19 é bastante complexa e séria, e há um risco significativo de que o vírus se espalhe ainda mais”, disse Gai Dongping, vice-presidente da câmara da cidade de Jilin. “Para impedir a propagação da epidemia, foi preciso implementar estas medidas de controlo na área urbana”, justificou Dongping, durante uma conferência de imprensa, esta quarta-feira.
Só nas últimas 24 horas, foram confirmados seis novos casos de contágio local pelo novo coronavírus, no nordeste do país – e que se juntam aos mais de trinta infetados na última semana, devido à chegada de chineses infetados com a doença vindos da Rússia, segundo as autoridades.
Ainda de acordo com a Comissão Nacional de Saúde da China, cinco dos seis casos de contágio local diagnosticados na província de Jilin, podem estar relacionados com o surto de Covid-19 que surgiu em Shulan, (uma cidade na província de Jilin), e que entrou em “estado de alerta” após um aumento de infeções durante o fim de semana. Em Shulan foram registados 14 casos nos últimos dias, todos relacionados com uma mulher de 45 anos, funcionária de uma lavandaria, diagnosticada com Covid-19 na passada semana.
Estes dois surtos separados de Covid-19 na China, incluindo um em Wuhan, aumentaram o medo de uma nova onda de infeções em todo o país.
Shulan é o único local na China em nível de alerta máximo para a Covid-19. Várias cidades do nordeste da China, incluindo Harbin e Dalian, também anunciaram medidas preventivas para controlar o surto, como seja obrigar todos os viajantes oriundos de Shulan a submeter-se a testes de rastreio – ou, se necessário, a um período de quarentena.
Após a província de Hubei, o nordeste da China tem sido o ponto crítico para as autoridades locais, que nas últimas semanas foram forçadas a fechar a fronteira com a Rússia depois de detetarem o aumento de infeções por Covid-19 entre os cidadãos chineses regressados do território russo. Embora esse foco tenha sido inicialmente limitado à província de Heilongjiang (onde um “hospital expresso” chegou a ser construído para combater o surto), novos casos de transmissão local começaram a surgir em Jilin e, agora, na província vizinha de Liaoning.
Atualmente, e segundo a Comissão Nacional de Saúde da China, existem 104 pessoas infetadas no país asiático, das quais 10 estão em estado grave.
Para He Qinghua, diretor do Departamento de Prevenção e Controle de Doenças da Comissão Nacional de Saúde, os surtos “expuseram fraquezas no sistema de controlo e prevenção de epidemias”. “Já não trabalhamos só para o caso de surgir uma emergência, mas para uma realidade constante. Não podemos relaxar ou fazer uma pausa. Não é aceitável”, resumiu Qinghua durante uma entrevista em Pequim.