Na Austrália, perto de 600 mil pessoas perderam os seus empregos em abril em resultado da crise económica provocada pelo novo coronavírus, um número “chocante”, mas antecipado, segundo o primeiro-ministro, que alertou esta quinta-feira os australianos para se prepararam para mais más notícias no futuro.

Segundo os dados do instituto de estatística australiano, 594.300 pessoas ficaram sem os seus empregos no mês passado. O número é o mais alto alguma vez registado desde que o organismo começou a contabilizar as variações mensais no desemprego, em 1978. Relativamente à taxa de atividade, esta também registou “uma queda sem precedentes” de 63,5%, na sequência das medidas adotadas para impedir a propagação da Covid-19.

A taxa de desemprego na Austrália encontra-se agora nos 6,2%, a mais alta registada desde setembro de 2015, e 1% acima dos valores de março. O número é ainda assim menor que o de algumas previsões — economistas ouvidos pela Reuters apontavam para uma taxa de 8,3%, um valor que poderá ser maior se se tiverem em conta os australianos que estão a beneficiar do “Jobkeeper”, um programa de manutenção de emprego que consiste no pagamento de parte do salário pelo Estado num valor de até 890 euros durante duas semanas.

Contando ou não com os que foram integrados no programa de ajuda, o mais provável é que a taxa venha a aumentar nas próximas semanas. O Ministério das Finanças australiano prevê que a taxa de desemprego chegue aos 10% em junho, a mais alta desde 1997.

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“Este é um dia difícil para a Austrália, um dia muito difícil”, declarou o primeiro-ministro Scott Morrison numa conferência de imprensa esta quinta-feira. “Sabíamos que haveria más notícias, porque a pandemia teve impacto na Austrália como teve noutros países. Foi isso que aconteceu”, disse o governante, pedindo à população que se prepare para receber outras más notícias no plano económico nos próximos meses.

Algumas zonas do país já começaram a levantar as restrições. A partir desta sexta-feira, cafés, bares e restaurantes deverão começar a abrir portas para pequenos grupos. Na semana passada, Morrison anunciou um plano de reabertura do país em três passos, que será posto em prática caso o número de infeções continue a diminuir. Numa primeira etapa, será permitido que amigos e familiares se reúnam em maior número, participar em funerais com até 30 pessoas e casamentos com até dez. Nesta primeira fase, será também provável que os alunos possam voltar à escola, explicou o primeiro-ministro. A segunda e terceiras etapas passarão sobretudo por um alargamento no número de pessoas permitidas num mesmo espaço.

A Austrália tem neste momento 6.989 casos confirmados e 98 mortes por Covid-19. A zona de New South Wales, onde fica Sidney, é a mais afetada, com mais de três mil casos de infeção e 45 vítimas mortais, de acordo com os dados recolhidos pela Johns Hopkins University. O país tem sido elogiado pela eficácia das medidas adotadas para combater a propagação do vírus, mas as restrições tiveram um forte impacto na economia. Segundo as estimativas do governo, a economia nacional está a registar uma perda semanal de 2,4 mil milhões de euros.