Diz a história que, quando morava no Porto, no início dos anos 90, J.K. Rowling costumava frequentar a Lello e que foram as célebres escadarias em madeira da livraria fundada em 1906 que a inspiraram a criar as da Escola de Magia e Feitiçaria de Hogwarts, que teimam em não parar quietas e em conduzir os alunos a zonas do castelo a onde não pretendem ir. Mas, e se não tiver sido assim? E se, afinal, a Lello não tiver inspirado Harry Potter?

Foi precisamente isso que J.K. Rowling escreveu esta quinta-feira no Twitter: “Nunca visitei esta livraria no Porto. Não sabia que existia! É linda e gostava que a tivesse visitado, mas não tem nada a ver com Hogwarts!”.

A partilha da escritora surgiu na sequência de um primeiro tweet em que admitiu estar a ponderar criar uma secção no seu site sobre as “alegadas inspirações e lugares de nascimento do Potter“. Além da Livraria Lello, Rowling deu como exemplo o café The Elephant House, em Edimburgo, Escócia, que alega ser o lugar de nascimento da história do jovem feiticeiro (tem essa mesma informação à porta). “Mas escrevi aqui, por isso vamos deixá-los em paz!”, afirmou a autora, que viveu na capital escocesa enquanto terminava o primeiro livro da saga, depois de sair de Portugal.

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Escritora não esteve na Lello, mas escreveu no Majestic

A revelação de que a Livraria Lello não inspirou a escadaria de Hogwarts chocou muitos fãs (portugueses e não só) da saga. Sempre atenta aos comentários e reações dos fãs no Twitter, Rowling decidiu “animar” os que tinham ficado “desapontados em relação à livraria do Porto”: “Este foi provavelmente o café mais bonito onde escrevi, na verdade. O Café Majestic na Rua de Santa Catarina”, tweetou a autora.

O Majestic é, tal como a Livraria Lello, um dos vários locais no Porto associados a J.K. Rowling, que desenvolveu parte da história de Harry Potter em Portugal. Há quem diga que foi no café da Rua de Santa Catarina que a escritora terminou o primeiro rascunho de Harry Potter e a Pedra Filosofal, o volume inaugural da saga.

A autora viveu no Porto durante cerca de dois anos, entre 1992 e 1993. A mudança para Portugal aconteceu após a morte da mãe, Anne, que lutava há vários anos contra uma doença degenerativa. Ansiosa por sair de Inglaterra, J.K. Rowling candidatou-se a um cargo de professora de inglês na Encounter English depois de ter visto um anúncio no jornal The Guardian. Foi também nesta cidade que conheceu o primeiro marido, Jorge Arantes. O relacionamento terminou em 1993, data em que Rowling deixou Portugal.

A Lello tornou-se famosa por esta ligação à autora e organiza regularmente, há já vários anos, eventos associados à saga do “rapaz que sobreviveu”. A livraria foi, por exemplo, o espaço escolhido para o lançamento da edição em inglês de Harry Potter e a Criança Amaldiçoada, o último livro do universo Harry Potter, lançado em 2016.

O Observador contactou a Livraria Lello durante a manhã, que remeteu um comentário sobre a revelação de J.K. Rowling para o início da tarde desta quinta-feira. Até ao momento, a resposta não chegou.