Países Baixos, Áustria, Suécia e Dinamarca reiteraram este sábado a sua oposição a que se responda à crise da Covid-19 com “qualquer tipo de mutualização de dívida ou com um aumento significativo do orçamento comunitário”, como estabelece o plano lançado esta semana por Angela Merkel e Emmanuel Macron. Em alternativa, os países chamados “quatro frugais” propõem um veículo de empréstimos “temporários”, em “condições favoráveis”, concedidos tendo como contrapartida que os países beneficiários promovam reformas estruturais nas suas economias para assegurar que estarão “mais bem preparados para a próxima crise“.

De acordo com um texto a que publicações como o Politico e a Bloomberg tiveram acesso, os quatro países reiteraram a sua oposição a qualquer plano que implique uma partilha direta de responsabilidades com dívida de outros países, admitindo que se promova a criação de um “orçamento comunitário modernizado” mas algo que não deixe de incluir “incentivos saudáveis” para que os governos mantenham o rigor das contas públicas.

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A troca de propostas surge em antecipação à proposta que a Comissão Europeia irá apresentar esta quarta-feira, dia 27 de maio, e que será depois alvo de discussão entre os países do Conselho Europeu nas semanas posteriores. Para que qualquer proposta neste sentido possa avançar, é necessário haver unanimidade entre os vários países – pelo que o documento entregue este sábado pelos quatro países pode significar um balde de água fria para as grandes expectativas que se formaram esta semana após os líderes de Alemanha e França terem chegado a acordo para um plano que inclui 500 mil milhões de euros em subvenções “a fundo perdido”, geridas através do orçamento comunitário.

Países Baixos, Suécia, Dinamarca e Áustria não querem ir além de um veículo de empréstimos (que vários países, como Itália, rejeitam, porque agravariam o endividamento já existente) com uma duração de dois anos. Dessa forma, dizem, seria possível “limitar o risco para os Estados-membros, de um modo geral”. Os “quatro frugais” preferem uma revisão do orçamento comunitário, com “novas prioridades” mas sem um aumento substancial dos capitais disponíveis (e, claro, das contribuições de cada país). Além disso, poderia haver empréstimos a troco de um “forte compromisso com reformas e com as regras orçamentais”, além da apresentação, por parte desses países, de medidas ambiciosas para prevenir fraudes com estes financiamentos.

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