O Grupo Renault, a Nissan Motor Co., Ltd. e a Mitsubishi Motors Corporation, membros de uma das maiores alianças da indústria automóvel mundial, acordaram o que dizem ser um “novo modelo de cooperação” com vista a retirarem maiores proveitos deste “casamento” com mais baixos do que altos nos últimos tempos.
Desde a saída do antigo homem forte da Aliança, Carlos Ghosn, que a relação entre os parceiros Nissan e Renault azedou e os resultados após essa saída também começaram a amargar, situação que se agravou com a pandemia, em particular para a Nissan, a braços com o fecho de fábricas e despedimentos que podem afectar 20.000 trabalhadores. Face a isso, os três membros da Aliança produziram um “conjunto de novas orientações estratégicas”, no sentido de “maximizar a competitividade e a rentabilidade das três empresas”.
Em nota conjunta, é explicado que será implementado o esquema leader-follower, ou seja, o membro que está melhor implementado em cada região passa a comandar os outros. Na prática, esta nova estratégia assenta no princípio do elo mais forte: o fabricante da Aliança com maior peso em determinado mercado chama a si a estratégia de marketing e de produto local. Significa isto que a Renault “fica” com a Europa, Rússia, Norte da África e América do Sul. Já a Nissan assume a responsabilidade na América do Norte, China e Japão, enquanto à Mitsubishi toca o Sudeste Asiático e a Oceânia.
O mesmo princípio (do leader-follower) é aplicado também no domínio das tecnologias e no lançamento de novos modelos. No primeiro caso, à Nissan é entregue o desenvolvimento da condução autónoma e à Mitsubishi os PHEV para os segmentos C e D. A Renault assegurará o sistema principal da arquitectura eléctrica e electrónica (E-body) e as tecnologias para os automóveis conectados via plataforma Android, mas na China é a Nissan que vai liderar a conectividade. Outra das divisões prende-se com a propulsão eléctrica, ficando a Renault com a hibridização da plataforma Common Module Family (A/B) e a Nissan com a electrificação total dessa arquitectura.
Quanto ao lançamento de novos produtos, prevê-se que, até 2025, cerca de 50% dos modelos da Aliança passem a ser desenvolvidos sob o tal esquema de leader-follower, o que “deverá permitir uma redução nos investimentos, por modelo, na ordem dos 40%, para os produtos que passarão a ser concebidos segundo este novo sistema”. Em concreto, a futura remodelação do SUV do segmento B, na Europa, ficará a cargo da Renault, enquanto a renovação do SUV do segmento C vai ser conduzida pela Nissan, mas só depois de 2025.