A Boeing cortou mais de 12 mil postos de trabalhos nos Estados Unidos e admitiu que o número ainda pode aumentar, está a noticiar a Reuters. Quase 6.800 desses trabalhadores estavam em layoff involuntários numa estratégia da empresa para fazer frente à perturbação provocada pela crise de Covid-19.

De acordo com a Reuters, 9.800 destes empregos perdidos serão no estado norte-americano de Washington. “Os vários milhares de demissões restantes ocorrerão em parcelas adicionais nos próximos meses”, anunciou a empresa.

A Boeing já estava em crise desde que a produção e a venda de todos os modelos 737 MAX da empresa foram interrompidas por causa de dois acidentes fatais. Em abril, desta vez por causa da crise de saúde pública, anunciou também que iria cortar 10% dos recursos humanos — 160 mil trabalhadores neste momento — até ao fim do ano.

Num email enviado aos funcionários, Dave Calhoun, diretor executivo da empresa, admitiu que “o impacto devastador da pandemia no setor de aviação significa um corte profundo no número de aviões e serviços comerciais de que os clientes precisarão nos próximos anos”. E isso “significa menos empregos nas nossas linhas de produção e nos nossos escritórios”.

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Empresa retoma produção de avião que está impedido de voar desde 2019

Apesar de ter sido uma das causas da crise em que a empresa está mergulhada, a Boeing também anunciou esta quarta-feira ter reiniciado a produção do 737 Max. Trata-se do modelo de avião comercial que está impedido de voar desde março de 2019, após dois acidentes que mataram 346 pessoas.

“O programa 737 reiniciou a montagem de aeronaves a um ritmo lento, implementando mais de uma dúzia de iniciativas que visam melhorar a segurança no local de trabalho e a qualidade do produto”, adiantou a multinacional norte-americana, sem revelar a data em que a aeronave vai retomar os voos comerciais.

Depois do acidente com um avião 737 Max que causou a morte a 189 pessoas, no mar de Java, junto à Indonésia, em 29 de outubro de 2018, e de outro que matou 157, na Etiópia, em 10 de março de 2019, a empresa suspendeu a produção do modelo em janeiro de 2020, até para aliviar tensões com as autoridades de aviação civil e com as companhias aéreas clientes.

A Boeing retomou a produção de outros modelos comerciais em abril, depois de ter eliminado mais de 300 unidades da lista de encomendas em março, devido à quebra na procura de voos comerciais, causada pela pandemia de Covid-19.

Depois de, em 2019, ter apresentado o primeiro exercício financeiro com prejuízo em duas décadas, a empresa sediada em Chicago, no estado de Illinois, pediu ao governo federal dos Estados Unidos uma assistência financeira de 60 mil milhões de dólares para si e para os seus fornecedores.

O “Grande Confinamento” já levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.