O médico que tratou os primeiros casos de infeção pelo novo coronavírus na Alemanha revelou que, passados três meses desde que a Covid-19 foi identificada no país, há recuperados que já estão a perder a imunidade. Clemens Wendtner disse ao El País que tem observado “em alguns casos uma diminuição dos anticorpos neutralizante”.

Em entrevista ao jornal espanhol, o médico explicou que nenhum dos recuperados que ficou infetado logo em janeiro sofreu sequelas severas e que todos os testes de anticorpos são reativos até agora. No entanto, “passaram-se três meses desde que esses pacientes chegaram e já vemos um potencial défice na imunidade”.

Questionado sobre o que isto significa para a saúde pública, Clemens Wendtner indica que só saberemos quão resistente é essa imunidade se os recuperados voltarem a ter Covid-19. Mas com menos anticorpos neutralizante, há também menos proteção. Por isso, “existe um risco potencial de alguns desses pacientes serem reinfectados”.

Para o médico, estes dados “importantes e preocupantes” provam a dificuldade de desenvolver uma vacina contra esta doença: “Não digo que seja impossível, mas é difícil”. Clemens Wendtner coloca a possibilidade de ser necessário criar uma vacina em doses múltiplas. Mas indica que é preponderante para que a doença desapareça.

As autópsias às vítimas mortais da Covid-19 no país também estão a revelar como é que o vírus se comporta no organismo humano. Além das inflamações nos pulmões, os médicos encontraram também microtrombos, inflamações no fígado e nos gânglios linfáticos.

Clemens Wendtner também comentou a evolução da Covid-19 ao longo do verão e com a chegada do outono. Para o médico, o vírus encontrará maior dificuldade em propagar-se no verão por causa dos “raios ultravioletas”, que farão com que o SARS-CoV-2 não sobreviva tanto tempo nas superfícies. No entanto, continuará a haver surtos da doença. Depois, com a chegada do outono, o frio e a humidade voltarão a aumentar o perigo.

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