O peso é o maior inimigo de um carro de competição ou de qualquer outro que vise emocionar e dar prazer a quem vai ao volante. É claro que um motor mais potente é óptimo, pois ajuda na capacidade de aceleração e velocidade máxima, mas o peso elevado liquida tudo o que seja travagens e velocidade em curva.

Gordon Murray conhece esta realidade como ninguém, ou não fosse o sul-africano um dos melhores projectistas da Fórmula 1, ele que desenhou o inovador e irreverente Brabham BT46B de 1978, também conhecido como o carro ventoinha, e os McLaren entre 1987 e 1991, com que acompanhou a época áurea de Ayrton Senna ao serviço da equipa. Depois, ainda na McLaren, concebeu o F1, o superdesportivo de três lugares com o condutor em posição central, que brilhou entre 1992 e 1998.

Depois de anos afastado do mundo automóvel, Murray prova que desenhar carros fabulosos é como andar de bicicleta: nunca se esquece. O mago sul-africano concebeu o T.50, um superdesportivo que foi pensado como se tratasse de uma top model, ou seja, elegante e leve. Um veículo deste segmento pesa, na melhor das hipóteses, 1500 kg. Se o valor é bom, como está provado pelos Ferrari (o 488 Pista anuncia 1460 kg), Murray foi mais longe e fixou o peso do T.50 em apenas 980 kg. Ora, esta “singela” diferença num modelo com 700 cv equivale a ter um motor com mais 242 cv, sem ter a desvantagem do peso excessivo.

Para alcançar esta fasquia, Gordon Murray adoptou um chassi em fibra de carbono, simples e leve, além de um motor igualmente ligeiro. Sem contudo beliscar minimamente a nobreza da mecânica, pois ninguém quer um superdesportivo com um motor “pequenino” e melhor do que um V8 ou V10, só um V12.

Com apenas 180 kg, a Cosworth – que Murray já conhecia dos seus tempos de F1 – concebeu-lhe um imponente V12, mas com 3,9 litros, o que lhe permite ter uns pistões “pequeninos” e leves, pois equivalem aos de um motor 1.300 com quatro cilindros. O pouco peso dos cilindros permite atingir mais de 12.100 rpm – e não há nada melhor do que um motor de combustão a gritar a alto regime – e fornecer cerca de 650 cv. Acredita-se que o T.50, com a ajuda de um pequeno sistema híbrido a 48V, poderá atingir 700 cv e uns consumos mais interessantes. Tanto mais que o peso é de… passarinho.

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