Cerca de uma centena de artistas de tauromaquia concentraram-se esta segunda-feira ao final do dia frente ao Campo Pequeno, numa manifestação contra a não reabertura dos espetáculos tauromáquicos, que decorreu “ordeiramente” e dispersou pelas 21h, disse fonte policial.

De acordo com o Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis), cerca de cem manifestantes juntaram-se pelas 18h junto ao Campo Pequeno, em Lisboa, num protesto “pacífico”, e ali permaneceram durante três horas, altura em que começaram a dispersar também de forma ordeira.

No local estiveram vários meios policiais que separaram os manifestantes em grupos de dez pessoas, para que se manifestassem mantendo uma separação e distância de segurança, acrescentou a mesma fonte.

Esta concentração visou protestar pelo facto de terem sido reabertas todas as atividades e espetáculos culturais com a exceção da tauromaquia.

O secretário-geral da ProToiro – Federação Portuguesa de Tauromaquia, Hélder Milheiro, alertou para os impactos que a pandemia de Covid-19 está a causar no setor, com o cancelamento de cerca de 70 espetáculos, num prejuízo de quase cinco milhões de euros.

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De acordo com o dirigente, por inevitabilidade da pandemia da Covid-19, o setor está a sofrer um impacto interno económico e financeiro “muito drástico” de há dois meses para cá, porque “há pessoas em situações muito críticas”, pelo facto de a atividade estar parada.

“A sazonalidade da tauromaquia – entre março e outubro – faz com que, se estes artistas não têm receitas nestes meses, ficarão completamente sem receitas até ao ano que vem. Não trabalhando nestes meses, é uma perda irrecuperável”, observou, acrescentando que as ajudas definidas pelo Estado não se aplicam à tauromaquia.

Segundo Hélder Milheiro, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, mentiu ao parlamento quando disse que as atividades tauromáquicas teriam início em 1 de junho.

“Disse que não havia nenhuma diferença na reabertura do setor da cultura, incluindo a tauromaquia. Mas, ao contrário do que disse, mentiu aos deputados, mentiu ao parlamento e, quando saiu a resolução do Conselho de Ministros nesta sexta-feira, veio com toda a área da cultura aberta, com exceção da tauromaquia”, acusou.

Exemplo disso é o espetáculo “Deixem o Pimba em Paz”, de Bruno Nogueira, marcado para as 21h30, no Campo Pequeno, com a presença da ministra da Cultura e do primeiro-ministro, apontou.

“Hoje, o Campo Pequeno dá o primeiro espetáculo ‘pós-Covid’ com a presença da ministra da Cultura e não nos esqueçamos que o Campo Pequeno é uma praça de toiros”, salientou Hélder Milheiro.

Já esta segunda-feira de manhã, os toureiros António Telles, Luís Rouxinol, Rui Fernandes e José Luís Gomes algemaram-se ao portão do Campo Pequeno, exigindo a retoma das atividades.