A procura de material pornográfico envolvendo crianças subiu 30% em alguns Estados-membros da União Europeia durante o período de isolamento motivado pela pandemia da Covid-19, disse a comissária europeia Ylva Johansson, a sueca com a pasta dos Assuntos Internos, ao jornal alemão Die Welt.
“Em breve, vou apresentar aos meus colegas os planos para uma nova estratégia, abrangente, para combater de forma mais eficaz o abuso sexual de menores“, afirmou a comissária europeia àquele jornal. “Os planos vão também dar resposta aos apelos do Parlamento Europeu e dos Estados-membros para uma maior aplicação da lei, uma melhor prevenção e proteção, mas também para uma cooperação mais próxima dentro da UE e a nível global.”
A proposta surge numa altura em que a procura de material pornográfico com crianças registou um aumento significativo que a comissária europeia associa à pandemia da Covid-19.
“Desde o início da crise do coronavírus, a procura por material que inclui abuso sexual de menores aumentou em até 30% em alguns Estados-membros”, disse Ylva Johansson.
A comissária europeu referiu-se também aos números reportados recentemente nos Estados Unidos, através do NCMEC (Centro Nacional para as Crianças Desaparecidas e Exploradas). De acordo com aquele organismo norte-americano, o número de casos suspeitos de abuso sexual sofreu em abril um aumento de 400% face ao mesmo mês do ano passado.
“De aproximadamente um milhão de relatos em abril de 2019, [subiu] para 4,1 milhões em abril de 2020”, disse a comissária europeia.
“Precisamos de estratégias de prevenção, mas não podemos depender apenas delas. Temos de fazer cumprir as nossas leis se elas forem quebradas e mostrar que os nossos valores se aplicam — tanto na internet como na vida real”, afirmou ainda Ylva Johansson, acrescentando que a internet é “infelizmente um fator decisivo” no aumento da procura de vítimas pelos abusadores sexuais.
De acordo com a comissária europeia, a estratégia deverá passar pela criação de um novo centro europeu para a proteção das crianças. “Vamos olhar com maior proximidade para a forma como os Estados-membros podem ser ajudados a investigar, prevenir e combater o abuso sexual de menores — através de uma melhor cooperação, mais investigação e troca de informações”, detalhou Ylva Johansson.