A Corticeira Amorim estima uma queda do negócio este ano inferior a 10%, apesar do impacto da pandemia da Covid-19 em alguns segmentos do setor de bebidas, para o qual a empresa vende rolhas, de acordo com o presidente executivo.

Durante um ‘webinar’ do ISCTE Executive Education, António Rios Amorim referiu que no final de abril o grupo tinha registado uma queda de perto de 1% de atividade, face a 2019, sendo que “no final de maio terá sido mais negativo, mas sempre em ‘single digits’ (abaixo de 10%)”, referiu.

O líder da Corticeira reconheceu que o setor de vinhos foi muito afetado pela crise, nomeadamente o canal HoReCa (hotéis, restaurantes e cafés), que pesa “27% das vendas” a nível mundial, referiu, assegurando que “esteve a zero” desde que começou o confinamento.

Por outro lado, a venda de vinhos nos supermercados aumentou, mas o segmento dos espumantes “foi o mais afetado”, tendo em conta que “não há celebrações, casamentos, batizados”, entre outros eventos, lembrou.

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“Estimamos que, em 130 milhões de euros de vendas para os espumantes, por parte da corticeira, vamos ter uma queda de 15% a 20%”, indicou o empresário.

António Rios Amorim acredita que o setor vai arrancar em breve, até porque em poucos meses será altura de nova vindima e o ‘stock’ de vinho acumulado terá de ser escoado.

O presidente da corticeira lembrou que a empresa já passou por vários períodos difíceis, nomeadamente depois da Perestroika, que levou à abertura do mercado da antiga União Soviética, que era até aí muito importante para o grupo.

Depois disso, entre 2000 e 2009, o crescimento dos vedantes de plástico veio ameaçar as rolhas, mas estes produtos, menos sustentáveis, acabaram por perder importância nos últimos anos.

“Esta guerra ainda não acabou, a concorrência despertou uma necessidade de produtos novos”, referiu, indicando a necessidade de um aumento de eficiência e tecnologia, para melhorar o desempenho das unidades e acelerar o crescimento de sobreiros.

Ainda que otimista, António Rios Amorim lamentou que o sucesso seja “diabolizado em Portugal”.

“Se o sucesso existir temos aqui uma bateria de coisas a penalizar” esse desempenho, referiu.

O lucro da Corticeira Amorim aumentou 6,8% para 19,9 milhões de euros no primeiro trimestre em termos homólogos, tendo as vendas subido 0,7%, para 203,7 milhões, ainda imunes à pandemia, divulgou a empresa, no dia 14 de maio.

“Até final de março não se registou impacto material [da pandemia] no volume de negócios e, apesar de atualmente se manter uma atividade industrial quase em pleno, as expectativas para abril, maio e junho são de redução”, referiu o grupo num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Admitindo que, “neste momento, o impacto dos efeitos diretos e indiretos da covid-19 é de difícil mensuração, estando largamente dependente da extensão da sua disseminação e dos seus efeitos sobre a economia global”, a Corticeira Amorim disse que “prestará especial atenção à questão das cobranças de clientes”, mas ressalvou que, “num universo de quase 30.000 clientes em todo o globo, o risco está significativamente repartido”.