Jamila Madeira, Secretária de Estado Adjunta e da Saúde, anunciou esta quarta-feira que, a pensar na próxima época gripal, Portugal vai garantir “a maior compra de vacinas” alguma vez já feita.

O Governo vai adquirir 2 milhões de vacinas, o que corresponde a um aumento de 38% de aquisição. Numa altura em que o país ultrapassa os 40 mil casos de infeção pelo novo coronavírus, Jamila Madeira assegurou que as vacinas que estarão disponíveis já neste inverno destinam-se essencialmente a proteger os portugueses “mais vulneráveis”.

Festa ilegal com quase 100 pessoas. Quatro horas bastaram para criar novo surto no Algarve

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A conferência de imprensa desta quarta-feira ficou marcada também pelo facto de o surto no Algarve, associado a uma festa ilegal que contou com quase 100 pessoas, deu origem — direta e indiretamente — a cerca de sete dezenas de infetados, incluindo crianças. “Até à data foram identificadas 19 crianças” infetadas, confirmou Graça Freitas, diretora-geral da Saúde.

Capacidade do Amadora Sintra a 87%. Hospital “ainda não está saturado”

Jamila Madeira assegurou que a situação em Lisboa e Vale do Tejo está “a ser trabalhada” e que não está fora do controlo. Relativamente à capacidade do SNS, garantiu que todos os hospitais de Lisboa estão a “suprir as carências” à medida que estas se revelam.

A secretária de Estado assinalou ainda que nenhum hospital “está em situação em que não consiga acomodar as necessidades que até agora estão sinalizadas” e destacou o Amadora Sintra, cuja capacidade ao nível das unidades de cuidados intensivos está a 87% — capacidade essa que “ainda não está saturada”.

Questionada sobre a retoma da atividade assistencial do SNS em Lisboa, Jamila Madeira limitou-se a que explicar que, após o despacho da ministra da Saúde relativo ao assunto, o país sofreu alguns condicionamentos tendo em conta a situação em Lisboa e Vale do Tejo, a qual “está sempre a ser avaliada”. “Toda a atividade urgente tem sido mantida”, garantiu. Atualmente há 19 freguesias de Lisboa que permanecem em estado de calamidade.

Foco de infeção em Torres Vedras: há cerca de uma dezena de infetados

Questionada sobre o foco de infeção num hospital do Oeste, em Torres Vedras, a Secretária de Estado Adjunta e da Saúde confirmou que após uma utente de um lar ter testado positivo — não à primeira, mas sim à segunda vez em que se submeteu ao teste —, existem agora oito casos positivos.

“Desse caso já testaram positivo 8 casos e estão a ser testadas as equipas de enfermagem e os utentes que estiveram em contacto com essa pessoa”, assinalou. Também os utentes do lar vão ser testados “no sentido de se verificar o impacto”.

Jamila Madeira confirmou ainda a existência de três casos positivos entre trabalhadoras no Hospital Prisional de Caxias. Os três casos correspondem à área da cozinha. “Estão a ser tomadas todas as medidas de rastreamento dos contactos e vigilâncias necessárias.”

“As empresas têm um papel social muito grande no controlo da epidemia”

Questionada sobre uma denúncia, que dá conta de alegados casos de infeção em algumas lojas da cadeia Pingo Doce, Graça Freitas respondeu que as autoridades de saúde vão investigar a veracidade de denúncia. Aproveitou depois para explicar que as empresas “têm um papel social muito importante no controlo da pandemia”.

“Atualmente, o contágio verifica-se no interior das habitações, depois no contexto laboral e, depois, no contexto social. Os grandes ajuntamentos, como as festas por exemplo, dão origem a muitos doentes que depois vão para as suas habitações e obviamente acabam por transmitir a outras pessoas. As entidades empregadoras têm mesmo uma responsabilidade social grande”, continuou, assegurando que não só devem preparar planos de contingência como formar as pessoas para que estas os possam pôr em prática.

Já sobre os bares que permanecem por abrir, também Graça Freitas tomou a palavra para afirmar que “não é uma questão de abrir ou não abrir”, mas sim de “cumprir regras”. “O governo autorizou muitas lojas a abrir, mas isso não isenta que não tenham de ser cumpridas as regras. A questão dos bares não é uma questão em abstrato, tem de haver um compromisso das entidades”, disse, afirmando depois que estes espaços precisam de garantir que as regras sejam cumpridas. Se não se cumprirem as regras, continuou, “é do ponto de vista da saúde pública indiferente” haver uma festa em casa ou um ajuntamento num bar.