Quase dois terços dos portugueses revelam alguma forma de racismo, de acordo com a edição mais recente do European Social Survey (ESS), relativo a 2018/2019, cujos dados são revelados este sábado pelo jornal Público.

O estudo europeu mede diversas manifestações de racismo, perguntando aos inquiridos se concordam que existem grupos étnicos ou raciais que, por natureza, são mais inteligentes ou mais trabalhadores, e se existem culturas que são mais civilizadas do que outras.

Na edição feita em Portugal, que foi coordenada pela socióloga Alice Ramos, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Lisboa, concluiu-se que 62% dos inquiridos responderam positivamente a, pelo menos, uma daquelas três questões.

Além disso, 32% dos inquiridos concordaram com as três crenças, ao passo que apenas 11% disseram discordar das três perguntas.

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Segundo o Público, uma análise dos dados revela também que as manifestações de racismo são mais frequentes em faixas etárias mais velhas. Por exemplo, enquanto 94,3% dos inquiridos com mais de 75 anos acreditam que existem culturas mais civilizadas do que outras, na faixa dos 15-35 anos esta percentagem é de 70%.

Alice Ramos, coordenadora do estudo, considerou em declarações ao Público que os dados mostram que, “ao contrário do que se diz, as crenças racistas estão disseminadas na sociedade portuguesa“.

Em Portugal, o estudo de âmbito europeu teve como amostra um conjunto de 1.055 pessoas, escolhidas de forma aleatória de acordo com critérios de representatividade da população portuguesa.

Os dados do estudo surgem numa altura em que a morte de um cidadão afro-americano às mãos da polícia nos Estados Unidos deu força a um movimento internacional de protestos anti-racismo, com manifestações a repetirem-se por todo o mundo, incluindo em Portugal.

A notícia surge também no dia para o qual está marcada uma manifestação convocada para as ruas de Lisboa pelo partido Chega com o objetivo de afirmar que Portugal não é um país racista.