O presidente do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, afirmou esta segunda-feira, em Braga, que as reuniões no Infarmed sobre a pandemia de Covid-19 “são muito importantes” e manifestou “estranheza” por alguns partidos “quererem prescindir delas”. Francisco Rodrigues dos Santos responsabilizou ainda o Governo pela decisão do Reino Unido de excluir Portugal da lista de países considerados seguros em relação à pandemia de Covid-19.

“Acho que são muito importantes, na medida em que permitem confrontar o discurso político com evidências científicas, independentes e isentas”, referiu.

Na semana passada, o presidente do PSD, Rui Rio, considerou que “as reuniões do Infarmed começam a ter pouca utilidade” e defendeu que estes encontros com especialistas devem apresentar uma “fotografia muito objetiva e curta” da evolução da pandemia e dar “conselhos técnicos”.

Uma opinião que não é partilhada por Francisco Rodrigues dos Santos, que considera as reuniões “muito importantes” para os partidos políticos, principalmente os que estão na oposição, “poderem escrutinar a ação do Governo”.

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“Não prescindimos dessas reuniões e quero até dizer que é com alguma estranheza que constato que há partidos que querem prescindir delas, a menos que tenham já uma sinergia e uma articulação tão estreita e tão profunda com o Governo, quase como um espécie de um bloco central, que lhes permita obter informação por outras fontes e a considere fidedigna”, referiu o líder do CDS.

Rodrigues dos Santos sublinhou que se trata de um caso de saúde pública, pelo que defende que é preciso “ouvir em primeiro lugar os especialistas na matéria e não os políticos”.

“Quero ouvir estas informações na fonte e não prescindo delas [reuniões no Infarmed] e acho que têm dado um ótimo contributo para o esclarecimento da comunidade política e para a oposição poder, com espírito construtivo, conhecimento e competência, averiguar se as decisões do Governo estão a ser ou não bem tomadas”, reiterou.

Em relação à lista de países seguros divulgada pelo Reino Unido, o líder centrista disse que o executivo de António Costa “falhou na comunicação” sobre a situação epidemiológica em Portugal, ao permitir uma “narrativa centralista” que fez com que a situação em Lisboa e Vale do Tejo afetasse a imagem de todo o país.

Creio que o Governo falhou na comunicação sobre a situação epidemiológica em Portugal, porque o país não é Lisboa e o resto é paisagem. Há mais Portugal para além da capital”, referiu.

Sublinhando que a situação está “estabilizada na generalidade do território”, Francisco Rodrigues dos Santos considerou que, por força da má comunicação, “está o justo a pagar pelo pecador”. “É o caso de Lisboa e Vale do Tejo, que está a influenciar a perceção internacional do nosso país”, referiu.

Para o presidente do CDS, era importante que Portugal, ao nível diplomático, conseguisse “serenar” os seus parceiros estratégicos, designadamente ao nível do turismo. Propôs mesmo uma campanha que demonstre que “Portugal não é só Lisboa” e que há outras zonas, de baixa densidade populacional, que são seguras para o turista.

“Não vamos tomar o todo por algumas partes onde o processo não está a correr bem”, apelou, sublinhando que são os que cumprem que acabam por pagar a fatura do incumprimento dos outros.

Portugal foi excluído da lista de 59 países e territórios considerados seguros pelo Governo britânico, o que significa que os passageiros provenientes de Portugal terão de cumprir os 14 dias de quarentena impostos pelo executivo de Boris Johnson devido à pandemia de Covid-19.