As “terapias de conversão” destinadas a mudar a orientação sexual de pessoas LGBT (lésbicas, gays, bis, transexual) são “degradantes e discriminatórias”, disse esta quarta-feira um especialista independente da ONU, pedindo sua proibição global.
“Essas práticas constituem uma violação flagrante dos direitos à integridade física, à saúde e à livre expressão da orientação sexual e da identidade de género de uma pessoa”, adianta Victor Madrigal-Borloz, num comunicado à imprensa divulgado esta quarta-feira.
O especialista independente da Organização das Nações Unidas, que nos últimos meses recolheu dados em mais de 100 países, sublinhou ainda que, “quando executadas à força”, estas terapias para tentar afastar as pessoas da sua orientação sexual “também constituem uma violação da proibição de tortura e maus-tratos”.
Segundo Madrigal-Borloz, essas terapias “visam exclusivamente as pessoas LGBT e a sua integridade e autonomia pessoais, porque a sua orientação sexual ou identidade de género não é o que é percebido como um padrão desejável”.
Os especialistas independentes da ONU estão ligados ao Conselho de Direitos Humanos, mas a sua opinião não compromete a organização.
As terapias de conversão, praticadas principalmente nos Estados Unidos, mas também na Europa, costumam ser direcionadas contra a vontade de adolescentes gays ou transgénero.
Estas “terapias de conversão” podem “envolver injeções maciças de testosterona ou técnicas para induzir aversão, como eletrochoques a um sujeito enquanto lhe são mostradas fotos de atos homossexuais”, afirmam os especialistas.
Em 2013, acrescenta o comunicado, a Associação Médica Mundial condenou essas “terapias de conversão” como violações dos direitos humanos, considerando-as incompatíveis com a ética da ação médica.
“Não há estudos conhecidos para concluir que a orientação sexual possa ser alterada permanentemente. No entanto, foi cientificamente comprovado que tais ‘terapias’ podem levar à depressão, distúrbios de ansiedade, perda de sensações sexuais e um aumento do risco de suicídio”, advertem os especialistas, sublinhando a urgência no combate a este problema.