No início de julho, o Neya Lisboa Hotel foi distinguido com o “Energy Globe Award”, um prémio internacional no setor da sustentabilidade e que, todos os anos, destaca projetos inovadores apostados na eficiência energética, energias renováveis e conservação de recursos em prol do ambiente num universo de 2.500 projetos de mais de 180 países. Situado na zona da Estefânia, o Neya Lisboa, garantem os responsáveis, tornou-se no único hotel português a alcançar esta distinção.
Aberto há 9 anos, o hotel foi projetado de raiz para ser uma unidade sustentável, explica ao Observador Pedro Teixeira, diretor de sustentabilidade do grupo Neya Hotels. Desde logo foram instalados painéis solares térmicos — tanto que 60% da água do hotel é assim aquecida, sem recurso a gás natural — e foi escolhida tecnologia LED, à data “recente e mais cara”. Em 2011 80% das lâmpadas do hotel eram LED. De lá para cá, a equipa do projeto tem vindo a substituir outras soluções que antes não existiam e “neste momento, o hotel é quase 100% equipado a LED.”
As referências sustentáveis não se ficam por aqui — e serão espelhadas na segunda unidade do grupo que abre as portas no início de agosto na Invicta —, com Pedro Teixeira a garantir que através de um sistema de gestão técnica centralizada “só é possível afinar a temperatura do hotel entre os 20 e os 24 graus”. “Não temos situações de 16 ou 28 graus”, exemplifica, referindo que, assim, não há “dissipação de energia”. O sistema de ar condicionado “consome muito menos e não emite ruído” e o consumo de energia no hotel é monitorizado secção a secção. A isso acrescem os bons isolamentos, concebidos também desde raiz. “É mais fácil manter a temperatura no nosso edifício. Recorremos menos ao arrefecimento e aquecimento artificiais.”
Outras técnicas passam pela existência de um dispositivo em todas as janelas dos quartos; assim que são abertas, o ar condicionado da divisão desliga-se automaticamente. O Neya Lisboa já conseguiu reduzir o consumo energético da unidade em 38% desde 2014.
Mais recentemente, o hotel trabalha com um fornecedor que apenas comercializa energias renováveis. O hotel é, por isso, abastecido “100% a energias renováveis”, isto é, energias hídrica, solar e eólica, um fator que contribuiu também para a redução de emissões de CO2. “Todos os anos, o hotel calcula e compensa as emissões de CO2 através de reflorestação na zona de Marvão. Em 2017 emitimos 280 toneladas. Já em 2018 emitimos 202 toneladas.”
“Não somos um hotel normal. Toda a gestão tem que ver com o conceito da sustentabilidade”, continua Pedro Teixeira, para depois mencionar como as coisas acontecem na cozinha. O restaurante Viva Lisboa conta com a certificação “Portugal Sou Eu“, que garante que este recorre a ingredientes nacionais. “A certificação obriga a que todos os anos se aumente os ingredientes e os menus nacionais.” Dada a proximidade do hotel com o Mercado 31 de Janeiro, é lá que chef e responsável de compras procedem à aquisição de muitos produtos. Um objetivo para o futuro, ainda na área da comida, é a criação de pequenas hortas no teto do hotel: além de fornecer ingredientes para a cozinha, tal permite fazer ações de sensibilização para os hóspedes.
Além disso, há preferência por água da torneira, ao invés de água embalada, não há palhinhas de plástico desde há dois anos e até os resíduos orgânicos são separados e recolhidos todos os dias pela Câmara Municipal de Lisboa (nos quartos existem recipientes que promovem a separação de resíduos). “Temos dados reais. Em 2019 fizemos a reciclagem de 76% dos resíduos do hotel.”
De referir ainda que o hotel disponibiliza gratuitamente bicicletas aos hóspedes e também o staff é incentivado a usá-las. A unidade é, inclusivamente, certificada pela Portugal Bike Friendly.
O próximo desafio do grupo hoteleiro português passa pela abertura da segunda unidade, na zona ribeirinha do Porto, cuja inauguração estava prevista para março. “Quando íamos abrir os hotéis fecharam todos”, admite Pedro Teixeira, afirmando que a unidade do Porto é um upgrade em relação à de Lisboa. “É um grande hotel em cima do rio Douro. Vai ter muita visibilidade.”