O Benfica anunciou esta segunda-feira as conclusões do empréstimo obrigacionista de 2020-2023, revelando que a procura terá chegado perto dos 70 milhões de euros, tornando-se superior à oferta disponibilizada de 50 milhões. A emissão de obrigações arrancou no passado dia 29 de junho e terminou na última sexta-feira, dia 10 de julho, depois de o valor máximo ter subido 15 milhões de euros, dos iniciais 35 para os finais 50.

Em comunicado enviado à CMVM, a SAD encarnada adiantou então que, no total, a procura por obrigações atingiu os 69,497 milhões de euros, sendo que, no final da operação, o valor do empréstimo foi subscrito por um universo de 3.688 investidores. A grande maioria, cerca de 63%, subscreveu montantes entre os 1.500 e os 5.000 euros, 404 subscreveram entre 5.005 e 10.000 euros, 829 investiram entre 10.005 e 50.000 euros e 128 investidores aplicaram mais de 50 mil euros.

A emissão em causa terminou às 15h da passada sexta-feira, tendo como montante mínimo de subscrição 300 obrigações, à razão de cinco euros por obrigação (1.500 euros de investimento mínimo). A taxa de juro fixa prevista era de 4%, mais 0.25% do que o último empréstimo obrigacionista que a SAD encarnada tinha feito — em 2017 e cujo pagamento foi concluído já no decorrer deste ano.

Começou nos 35 milhões, passou para os 50 milhões: Benfica aumenta montante máximo do empréstimo obrigacionista

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Estes resultados permitem à Benfica SAD atestar o crédito no mercado financeiro e ainda reforçar a capacidade de tesouraria numa fase marcada pelas condicionantes financeiras provocadas pela pandemia — e principalmente numa altura em que se fala na possibilidade de um investimento forte na contratação de um novo treinador. Confirmada a venda do total dos 50 milhões de euros em obrigações, serão agora deduzidos 1,5 milhões de comissões de organização e coordenação global, de colocação e respetivos impostos, assim como de valores referentes ao trabalho de consultores e auditores, além dos custos de publicidade. Ou seja, em termos líquidos e tal como adiantaram os próprios responsáveis encarnados na altura em que o empréstimo foi aumentado de 35 para 50 milhões, a receita global da Benfica SAD será de 48.399.800 euros.

Sobre essa possibilidade de um forte investimento na contratação de um novo treinador para a equipa principal de futebol, nomeadamente sobre a hipótese Jorge Jesus, Domingos Soares de Oliveira disse esta segunda-feira que não confirma “qualquer contacto direto” com o ainda técnico do Flamengo. “O nosso presidente tem uma relação pessoal com Jorge Jesus, é normal que converse com ele. Não há nada oficial entre o Benfica e o treinador Jorge Jesus”, garantiu o CEO encarnado durante a conferência de imprensa por vídeoconferência para apresentar as conclusões do empréstimo obrigacionista.

Na altura do anúncio do novo empréstimo, Domingos Soares de Oliveira referiu ao Negócios que o objetivo era garantir à Benfica SAD uma “robustez de tesouraria suficientemente forte” para “fazer face a todos os compromissos, tanto internos como externos”, independentemente de qual for o “cenário de retoma das competições”.

Benfica SAD vai lançar emissão de obrigações até 35 milhões de euros

“As emissões que tivemos ao longo dos últimos 16 anos foram feitas em ambientes diversos a nível desportivo e a procura foi sempre maior que a oferta, independentemente da posição que o Benfica ocupava na tabela classificativa. Taxa de 4%? Creio que todas as emissões de obrigações no retalho realizadas nos últimos anos tiveram taxas de juro superiores às da Benfica SAD. A razão por que continuamos a apresentar taxas mais baixas que outros emitentes tem naturalmente a ver com a perceção de risco que o mercado tem sobre cada uma das emissões e cada um dos emitentes. Neste caso, a subida relativamente a 2019 é de apenas 0,25%”, explicou o CEO do clube na entrevista ao Negócios.

Na mesma comunicação à CMVM em que anunciou o aumento do valor máximo do empréstimo obrigacionista, o Benfica fez ainda algumas alterações relativas à informação que constava no prospeto de emissão, nomeadamente a rescisão de contrato com Bruno Lage ou a confirmação de Nélson Veríssimo como treinador da equipa principal de futebol até ao final da temporada.