O governo dos Estados Unidos da América está a considerar colocar a rede social chinesa Tik Tok, um dos maiores concorrentes atuais do Facebook, numa lista negra. Como avança o Financial Times, esta medida baniria o Tik Tok do país da mesma forma que a empresa chinesa Huawei foi em maio de 2019. A decisão será tomada no próxima mês, disse uma fonte governamental a este jornal.

De acordo com a mesma fonte da Casa Branca, o objetivo desta medida não passa só por impedir que os norte-americanos deixem de utilizar a aplicação. O principal propósito passa por tentar que o governo chinês pare de recolher dados de cidadãos norte-americanos através desta app, algo que os governo dos EUA acreditam que a ByteDance, a empresa detentora do Tik Tok, pode estar a fazer.

Se esta medida entrar em vigor as consequências podem não ficar apenas circunscritas aos EUA. Empresas norte-americanas como a Apple ou a Google, que detém os sistemas operativos móveis iOS e Android, respetivamente, passariam a estar impedidas de disponibilizar atualizações para esta app através das suas lojas de aplicações, não se sabendo como continuaria a ser o acesso ao Tik Tok no resto do mundo.

“Vamos enviar uma mensagem muito forte para a China”, disse a fonte governamental. Contudo, ainda não se sabe se o o Tik Tok será realmente banido do país, como foi a Huawei, ou se medidas de segurança aplicadas poderão passar por outros moldes. Como o Tik Tok tem ganhado cada vez mais sucesso entre os cidadãos norte-americanos, o executivo dos EUA está a analisar uma possibilidade para permitir que a app continue a operar mas com restrições para evitar que a China possa aceder a dados pessoais.

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A decisão sobre um possível banimento do Tik Tok não é novidade. Recentemente, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, assumiu que o país está a contemplar medidas de segurança quanto à rede social. O mesmo foi reiterado pelo Presidente do país, Donald Trump, que assume que estava a “analisar isso” como um forma de retaliação para a forma como a China tem lidado com a pandemia do novo coronavírus. Porém, por agora, a Casa Branca não prestou mais comentários.

Devido a estas preocupações, a ByteDance, que nega qualquer envolvimento com o Governo chinês, assumiu na semana passada que está a “avaliar mudanças”. Para acautelar possíveis problemas, a empresa está a considerar separar o Tik Tok da organização criando um nova estrutura fora da China.

Índia bane o Tik Tok e outras apps chinesas

Esta não é a primeira vez também que o Tik Tok sofre represálias nos EUA pelos medos que representa. Em janeiro deste ano, o The New York Times revelou que esta rede social tinha falhas graves de segurança. A história teve também como base acusações de conluio dos responsáveis pelo serviço com o governo chinês.

No final de junho, o Tik Tok foi uma das 59 aplicações banidas na Índia pelo governo do país. Além desta app, o executivo indiano baniu o serviço de mensagens chinês concorrente do WhatsApp e do Telegram, o WeChat, e outros softwares móveis com a justificação porque são “prejudiciais à soberania e integridade da Índia“. Na Índia, o Tik Tok já tinha sido banido por promover “a degradação cultural” em 2019.

O Tik Tok, que é detido pela empresa chinesa ByteDance, foi lançado na China em 2016. Fora do país substituiu a app musical.ly, que foi comprada pelo Tik Tok em novembro de 2017. O serviço permite que os utilizadores criem vídeos que duram até 15 segundos e que interajam uns com os outros com uma aplicação interna de mensagens (à semelhança das stories, do Instagram).