O Presidente da República defendeu que os 45 mil milhões de euros do plano de retoma europeu fechado esta madrugada são “um excelente resultado” e “uma ajuda determinante para combatermos a crise social e económica que a pandemia provocou”.

Numa nota publicada na página oficial da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa saudou a União Europeia pelo acordo sobre o plano de retoma fechado esta madrugada entre os Estados-membro em Bruxelas, que determinou um orçamento de 1.820 mil milhões de euros para os próximos sete anos acordado ao fim de cinco dias de negociação.  Para ele, este é um “histórico resultado” que “dá prova da força e da dinâmica” da União Europeia.

Marcelo Rebelo de Sousa está em Madrid desde segunda-feira. O Presidente da República vai almoçar esta terça-feira com o rei espanhol, Felipe VI, após um convite no monarca no âmbito das cerimónias de reabertura da fronteira entre Portugal e Espanha, no início deste mês.

António Costa já tinha reagido ao acordo através do Twitter. O primeiro-ministro defendeu que este é um acordo inédito por ser a primeira vez que é aprovado “um instrumento específico de recuperação económica”. É, portanto, “um sinal de confiança à Europa e a Portugal para a recuperação económica” na era pós-pandemia, sugeriu Costa.

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Acordo fechado após maratona negocial em Bruxelas. Portugal conta com verba total de 45 mil milhões

Chega elege como positivo Portugal ter mantido subvenção prevista

O deputado único do Chega considerou esta terça-feira que o pacote financeiro acordado no Conselho Europeu tem aspetos positivos e negativos, e congratulou-se com o facto de a subvenção para Portugal ter mantido o valor inicialmente previsto.

O Conselho Europeu parece-nos ter alguns aspetos positivos, outros menos positivos”, começou por dizer André Ventura, que falava aos jornalistas à margem da apresentação da “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica e Social de Portugal 2020-2030” , em Lisboa.

Como “aspeto positivo”, o líder demissionário elegeu que Portugal tenha conseguido “um nível, apesar de tudo, não muito diferente daquele que estava previsto em termos de montantes a título de subvenção”.

O aspeto negativo é continuarmos a ter esta Europa em duas velocidades, em que há uma parte da Europa que não entende os problemas da outra parte da Europa e o facto de, ainda assim, o montante de subvenções ter ficado bastante abaixo daquele que estava previsto”, contrapôs.

Ventura criticou também a “atitude de miserabilismo da parte do Governo socialista, contrária à que passa aqui nestas sessões, de um país que, sem estratégia económica, sem estratégia de desenvolvimento, se apresenta como tendo único elemento estratégico pedir dinheiro à Europa e estar de mão estendida no Conselho Europeu”.

Isso é muito negativo, passa uma péssima imagem de Portugal e é um aspeto que António Costa não tem coragem de passar para dentro e passa para fora”, acrescentou.

O deputado do Chega criticou também as “sessões de propaganda”, como a desta terça-feira, defendendo que seja repensadas.

Quem fez o documento diz que está tudo no bom caminho, que o Governo tem excelentes decisões e terminados a saber que os ministros são apaixonados por áreas estruturais, como a ferrovia, o desenvolvimento marítimo, a neutralização energética”, apontou, alegando que “só lá fora é que ninguém diz isso”.

André Ventura antecipou igualmente que vai transmitir esta crítica “ao Governo já no Estado da Nação na sexta-feira, porque este modelo não ajuda à democracia, está a cavar um fosso entre o Partido Socialista e os restantes partidos”.

PS destaca emissão de dívida conjunta e vê “enorme oportunidade” para Portugal

O deputado do PS Luís Capoulas Santos considerou esta terça-feira que o acordo alcançado no Conselho Europeu representa “uma enorme oportunidade” para Portugal e destacou a emissão de dívida conjunta da União Europeia.

Em nome do PS, na Assembleia da República, o antigo eurodeputado congratulou-se com as conclusões desta cimeira europeia, declarando aos jornalistas que, “felizmente, são muito positivas para Portugal, e são positivas também para a Europa”, e elogiou o primeiro-ministro, António Costa, e a diplomacia portuguesa.

Segundo Capoulas Santos, “não obstante o resultado final da negociação ter concluído por uma redução do montante global de apoio aos Estados-membros, o envelope financeiro português ficou praticamente ao mesmo nível, o que permite concluir que foi muito bem gizada a estratégia negocial conduzida por Portugal, pelo seu primeiro-ministro e pela diplomacia portuguesa”.

O antigo ministro da Agricultura apontou o resultado das negociações no Conselho Europeu como “uma enorme oportunidade” para Portugal, observando: “Normalmente, a história demonstra-nos que os momentos de grande dificuldade são igualmente os momentos das grandes oportunidades”.

Mas o Conselho foi também muito positivo para a Europa, porque se deu um salto qualitativo histórico: pela primeira vez na história da União Europeia foi consagrado o princípio da mutualização da dívida”, destacou o antigo ministro da Agricultura, referindo-se à emissão de dívida conjunta que irá financiar o Fundo de Recuperação.

O deputado do PS comparou essa decisão com a atuação passada da União Europeia: “Não foi atribuído aos Estados-membros, nesta crise provocada pela pandemia o mesmo tratamento, isto é, o mesmo abandono que foi concedido aquando da crise financeira a partir de 2008”.

No que respeita a Portugal, Capoulas Santos referiu que o país vai receber “um envelope financeiro que, para além dos empréstimos, supera os 45 mil milhões de euros” nos próximos sete anos, “uma soma há poucas semanas ou há poucos meses inimaginável”.

Naturalmente que as dificuldades também são enormes, como sabemos, e o impacto desta crise será enorme na nossa economia e na nossa sociedade”, ressalvou.

Depois, o deputado do PS assinalou a apresentação feita esta terça-feira do Plano de Recuperação 2020/2030 do Governo, sustentando que demonstra já uma preocupação “com a boa aplicação destes fundos, que será obviamente o desafio de curto e de médio prazo para todos os portugueses”.