Tudo começou em 2013, quando Adrian Bridge, CEO do grupo Fladgate Partnership, detentor de vários negócios no vinho do Porto e no turismo, teve a ideia de “criar conteúdos de interesse cultural na cidade” para que os visitantes permanecessem mais tempo e os locais conhecessem melhor o que os rodeia.
“O vinho foi o ponto de partida para várias experiências temáticas que ocupam uma área que permanecia desconhecida do grande público”, conta Richard Bowden, diretor de marketing do grupo, ao Observador. O responsável refere-se a uma zona comercial onde moravam armazéns da Taylor’s, empresa fundadora do grupo e uma das mais antigas marcas de vinho do Porto. A maioria ficaram inativos quando o processo vínico foi modernizado e naquelas ruas estreias os camiões deixaram de poder circular, o que obrigou a armazenar o vinho noutros locais.
A intenção era abrir esse quarteirão à cidade, tornando-o público, acessível e autêntico. “Tivemos uma grande preocupação na recuperação destes edifícios, de forma a que os telhados ficassem iguais aos das casas vizinhas. Fizemos escavações para que o museu não crescesse em altura e desta forma não alterasse a paisagem arquitetónica e a vista para o rio”, salienta Richard Bowden.
A obra iniciou em janeiro de 2018, com um investimento de 105 milhões de euros, sendo este o maior projeto do grupo, também responsável por hotéis portuenses como o The Yeatman e o Infante Sangres. A pandemia do novo coronavírus atrasou ligeiramente a empreitada e trouxe alguns constrangimentos e adaptações, como portas automáticas ou vários dispensadores de álcool em gel pelo espaço, capaz de empregar 350 pessoas. Grande parte do World of Wine e vai abrir portas no dia 31 de julho, estando previstas mais duas fases de abertura.
Dos copos históricos à fábrica de chocolate, da parede de cortiça ao elétrico portuense
Provar que uma ida ao museu não tem que ser uma coisa aborrecida, com painéis cheios de texto nas paredes e muito silêncio, é uma das missões do World of Wine, que definiu seis experiências pedagógicas, interativas e dinâmicas, pensadas para todas as idades, sem direito a guias ou orientações, e que culminam na loja com produtos associados a cada tema.
A maior de todas é a dedicada ao vinho, onde a entrada se faz por uma imponente parede em mármore com cachos de uvas e folhas de videira gravados. Lá dentro, será possível aprender tudo sobre vinhos de mesa, do solo ao clima, passando por todos os processos que interferem na sua qualidade. Num percurso distribuído por dois pisos, que culmina numa sala de provas, poderá caminhar pelas regiões vinícolas, das ilhas ao Alentejo, representadas por casas típicas, onde é possível entrar e conhecer os seus costumes e tradições.
A exposição mais clássica, e talvez aquela que se vê em menos tempo, é a The Bridge Collection. Trata-se da coleção privada de Adrian Bridge, CEO do grupo Fladgate Partnership, e provavelmente uma das mais completas do mundo. Ao todo são 1800 copos e taças que contam a história da humanidade através do ritual da bebida, seja em contexto pagão, religioso, festivo ou fúnebre. Nas vitrinas, há exemplares do ano 7000 a. C. até à contemporaneidade, dispostos cronologicamente e cada um conta uma história. É capaz de se surpreender com algumas relíquias como o copo de Alexandre, o Grande, o copo usado para brindar nas batalha de Waterloo ou o copo do imperador indiano Shanh Johan, que mandou construir o Taj Mahal em honra da sua mulher.
“Conhecer o Porto como a palma das mãos” é o mote da exposição dedicada à cidade, Porto Region Across The Ages. A história da região, o seu papel nas Descobrimentos, das Invasões Francesas ou lutas liberais, as expressões típicas e os diferentes estilos arquitetónicos estão presentes numa viagem marcada por projeções de videomapping e um elétrico em tamanho real recheado de fotografias de outros tempos.
Para os mais gulosos, entrar numa selva com uma plantação de cacau pode ser um verdadeiro sonho e na exposição sobre o chocolate do World of Wine esse é só um dos cenários possíveis. Numa fábrica calórica vai poder descobrir a história do ingrediente e o seu processo de transformação, até chegar à nossa mesa.
A 8 de agosto abre um espaço dedicado à natureza e mais concretamente à cortiça. “PlanetCork” terá uma parede especial e dois pisos em formato caracol, onde no meio estará plantado um sobreiro e no teto uma claraboia. “Vamos colocar um lago no cimo para que o movimento da água crie várias tonalidade de luz”, adianta o diretor de marketing, Richard Bowden.
Em outubro conhece-se uma nova oferta, o Porto Fashion & FabricMuseum. Da filigrana ao calçado, da chapelaria aos novos designers portugueses, esta experiência focada na moda dá a conhecer a origem dos têxteis e as novas tendências, terminando com uma loja onde estarão presentes grandes marcas internacionais. Os preços para as seis experiências vão até aos 17€ e o World of Wine conta ainda com um pequeno anfiteatro, uma sala de eventos e um espaço pronto para receber exposições temporárias.
Peixe da costa portuguesa, pastelaria francesa e pratos vegetarianos
Nem só de exposições e lojas vive o World of Wine, uma das grandes apostas prende-se com a restauração, distribuída por diferentes espaços e conceitos. A praça principal, com 1950 metros quadrados no exterior, liga várias moradas, uma delas é o restaurante 1828, ano que marca o início da Guerra Civil Portuguesa, sendo uma homenagem às adversidades ultrapassadas pelos portuenses. O fine dining é protagonista no menu, o espaço majestosos e clássico conta com duas salas privadas e é marcado por detalhes dourados no teto, chão em mármore, sofás de veludo vermelhos e uma vista sobre o Porto de cortar a respiração.
Com cerca de 50 referências de vinho, disponíveis para beber em copo ou em garrafa, o Angel’s Share é um wine bar requintado que inclui um terraço coberto, à prova de nortada. No restaurante VP reinam os pratos típicos portugueses, mas se é mais fã de peixe do que carne, então o The Golden Catch é uma paragem obrigatória. Especialista em pratos com peixe da costa portuguesa, o restaurante pincelado em tons de azul tem redes de pesca no teto, um peixe trabalhado em madeira pendurado, paredes com escamas douradas e um balcão coberto de corda.
Mesmo ao lado, e com direito a esplanada, está o Root &Wine, o restaurante vegetariano do World of Wine. As mesas altas em madeira, os troncos verdadeiros que cobrem o teto e as fotografias de quintas vinícolas emolduradas nas paredes fazem a decoração de uma sala descontraída e acolhedora. Para sobremesas mais elaboradas, conte com os Cafés Suspiro, onde pode escolher entre a doçaria tradicional portuguesa e a pastelaria francesa, ou o Vinte Vinte, recheado de produtos à base de chocolate produzidos na fábrica do The Chocolate Story.
Em breve irão ser inaugurados dois novos espaços de restauração, o restaurante Mira Mira, localizado no edifício do Porto Fashion & Fabric Museum, com uma passerelle no meio da sala, e a Lemon Plaza, uma grande área coberta, com uma fonte no centro e revestida de calçada portuguesa, que servirá refeições ligeiras na companhia de um ecrã gigante. Já partir de setembro, início do novo ano letivo, a Escola de Vinho e Gastronomia vai abrir portas para workshops diários e cursos semanais, devidamente certificados, lecionados por especialistas e sommeliers.
Rua de Choupelo, 39, Vila Nova de Gaia. Segunda a domingo, das 09h às 24h. 22 012 1200