Os deputados da comissão de orçamento e finanças do Parlamento vão ouvir o presidente executivo do Novo Banco logo no início da próxima sessão legislativa, ou seja a partir de setembro. O pedido para que as audições a António Ramalho e ao presidente do Fundo de Resolução, Máximo dos Santos, se realizassem logo após o regresso aos trabalhos parlamentares foi feito pelo deputado socialista João Paulo Correia na última reunião da comissão antes das férias, realizada esta quinta-feira.

Os socialistas já tinham feito aprovar, no passado, audições aos principais responsáveis do setor financeiro e bancário, para avaliar os impactos e a resposta à pandemia, e decidiram iniciar o ciclo com o presidente do Novo Banco e o Fundo de Resolução. No entanto, o tema central da audição a António Ramalho serão as suspeitas que rodeiam as operações de venda de carteiras de imóveis a preços alegadamente de desconto a entidade financiada pelo banco.

O deputado do PSD, Afonso Oliveira, sublinha que o presidente do Novo Banco tem muitas explicações a dar, fazendo referência ao Debate da Nação onde o líder do partido, Rui Rio, questionou António Costa sobre as circunstâncias que rodeiam estas vendas. Também Duarte Alves do PCP sinalizou que a audição ao gestor deve incidir sobre as questões mais atuais da venda de imóveis e da gestão da carteira de ativos do Novo Banco, o que foi igualmente validado por João Paulo Correia, para quem o tema suscita preocupações que merecem o máximo esclarecimento.

O presidente do Novo Banco fez saber ontem em comunicado da sua disponibilidade para ir ao Parlamento dar todas as explicações sobre a venda de imóveis, nomeadamente sobre a operação Viriato realizada em 2018, mas cujos contornos foram objeto de uma notícia do Jornal Público que suscitou fortes reações políticas. António Ramalho mostrou-se disposto a ir ao Parlamento até em agosto, mas só será chamado em setembro.  O tema também já chegou ao Ministério Público pela mão de António Costa, mas também do próprio banco que remeteu informação sobre as vendas que levantaram dúvidas,

O comunicado divulgado esta quarta-feira pelo conselho de administração do Novo Banco indica também que os esclarecimentos sobre esta operação só devem ser feitos depois de conhecida a auditoria independente que o Governo pediu à Deloitte sobre a gestão do banco até 2018. A auditoria remonta também ao período do antigo Banco Espírito Santo quando foram decididas as operações que hoje estarão a gerar perdas avultadas e a obrigar a injeções financeiras. Esta auditoria será entregue ao Ministério das Finanças até ao final deste mês (sexta-feira), de acordo com a garantia dada pelo primeiro-ministro no último debate quinzenal.

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