A Caixa Geral de Depósitos registou lucros de 249 milhões de euros no primeiro semestre, uma diminuição de 41% face ao mesmo período do ano anterior, tendo constituído 156 milhões de euros de imparidades, divulgou esta sexta-feira o banco público.
Em comunicado, o banco refere “um resultado extraordinário de 51 milhões de euros (depois de impostos) decorrentes de ganhos atuariais nas responsabilidades com benefícios pós emprego”.
O banco público constituiu ainda 156 milhões de euros em imparidades de crédito e provisões para garantias bancárias como resultado dos efeitos da pandemia de covid-19.
Na apresentação dos resultados do banco, o presidente do banco público, Paulo Macedo, indicou que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) aprovou 48.326 moratórias de crédito até 28 de julho no âmbito da pandemia de covid-19, num valor que totaliza 6.982 milhões de euros.
Destas, 36.604 moratórias dizem respeito a particulares e 12.222 a empresas. Já relativamente aos montantes, as moratórias concedidas aos particulares totalizam 3.063 milhões de euros e as que dizem respeito às empresas 3.919 milhões de euros.
Acerca das linhas de crédito covid-19, o banco público informou que o seu valor ascende a 1.226 milhões de euros (em 8.805 operações), dos quais 927 dizem respeito à garantia pública (4.927 operações) e 309 milhões da garantia do Fundo Europeu de Investimento (3.878 operações).
O banco público contabilizou ainda 5.171 milhões de euros em crédito concedido respeitante a outras linhas de financiamento, dos quais 3.990 relativos a crédito concedido entre 01 de janeiro e 28 de julho, e 3.039 de crédito pré-aprovado.
As moratórias de crédito foram criadas como uma ajuda a famílias e empresas penalizadas pela crise económica desencadeada pela pandemia de covid-19.
Em junho, o Governo decidiu estender – de setembro deste ano para 31 de março de 2021 – as moratórias para créditos de empresas e particulares (que suspendem pagamentos de capital e/ou juros) e alargou também as condições em que os clientes podem aceder às moratórias. Os clientes podem pedir acesso às moratórias até final de setembro.
Há ainda as moratórias privadas, da Associação Portuguesa de Bancos (APB), da Associação de Instituições de Crédito Especializado (ASFAC) e da Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF). Estas aplicam-se aos contratos de crédito que não beneficiam da moratória pública, caso dos contratos de crédito pessoal (com exceção dos contratos de crédito ao consumo com finalidade educação, uma vez que estes já são cobertos pela moratória pública), crédito automóvel e cartões de crédito.
A agência de ‘rating’ Fitch divulgou um relatório sobre o setor bancário português na quinta-feira, em que estima que os créditos com moratória vão aumentar depois do verão à medida que se adensa a crise económica, sobretudo nas atividades relacionadas com o turismo.
Estas moratórias são um alívio para clientes e bancos, contudo, avisa, parte importante desses créditos serão malparado quando o regime das moratórias terminar.
Os principais bancos têm estado a divulgar os resultados semestrais esta semana. Segundo a informação já conhecida, o BCP indicou que até junho aprovou mais de 120 mil moratórias de pagamento de créditos no âmbito da pandemia de covid-19, sendo 97 mil para famílias e 26,5 mil para empresas, atingindo créditos no valor de quase nove mil milhões de euros.
Já o Santander Totta tinha, em junho, 88 mil clientes com moratórias no pagamento dos empréstimos, abrangendo créditos correspondentes a 22% da carteira de crédito total.
O BPI divulgou também esta sexta-feira que tinha aprovado até final do semestre mais de 73 mil pedidos de moratórias no pagamento de créditos, abrangendo créditos no valor de quase 5,7 mil milhões de euros.