As vacinas que estão a ser desenvolvidas pela Moderna, Universidade de Oxford e pela Johnson & Johnson parecem ter criado uma resposta robusta do sistema imunitário em macacos. No caso desta última, os resultados analisados pela revista científica Nature sugerem que, pelo menos no caso das duas últimas, uma dose bastou para proteger do novo coronavírus nestes animais.

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No caso do ensaio da Johnson & Johnson, 32 macacos receberam uma das sete vacinas desenvolvidas pela farmacêutica norte-americana, enquanto outros 20 incorporaram o grupo de controlo. Cada uma delas continha um pedaço de informação genética referente ao espigão de sete formas do SARS-CoV-2.

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Quase todos os macacos produziram anticorpos neutralizantes (proteínas que defendem as células ao anular o efeito do vírus) e linfócitos T (células recrutadas para defender o organismo), indica a Nature. Todos os indivíduos testados geraram anticorpos em níveis suficientes para proteger contra o vírus.

A vacina mais forte foi a que preveniu uma infeção pulmonar em todos os macacos expostos ao novo coronavírus e uma infeção nasal em cinco dos seis indivíduos testados. No entanto, nenhuma das vacinas induziu a produção de linfócitos T nas quantidades necessárias para proteger o organismo.

Quanto à ChAdOx1, a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford que já está a ser experimentada em humanos no Reino Unido, os resultados mais recentes confirmam que o fármaco aciona uma resposta imunitária em macacos expostos ao SARS-CoV-2 e reduz a carga viral, isto é, a concentração do vírus no organismo.

A vacina da Universidade de Oxford é baseada num adenovírus presente nos chimpanzés que também tem a proteína S — o espigão que o novo coronavírus usa para entrar nas células. Quando administrada a seis macacos 28 dias antes da exposição ao SARS-CoV-2, a vacina preveniu o desenvolvimento de danos pulmonares e reduziu a carga viral em comparação com os seis macacos no grupo de controlo.

Ainda assim, há reservas em relação à vacina de Oxford. Os autores do relatório avisam que, apesar de a carga viral ter diminuído “significativamente” no tecido do trato respiratório inferior dos animais vacinados, evitando o desenvolvimento de pneumonias, não houve diferença entre estes e os macacos do grupo de controlo no tecido nasal. Ou seja, é possível que a vacina não proteja da doença, mas apenas atenue a gravidade dela.

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Sobre a vacina da Moderna, ARNm-1273, os resultados publicados na terça-feira dizem que o fármaco induziu uma forte produção de anticorpos neutralizantes em 24 macacos. Alguns deles receberam 10 microgramas da vacina, outros 100 e uma parte serviu de grupo controlo, pelo que não recebeu qualquer dose da vacina.

De acordo com as conclusões descritas nesse artigo, “a vacinação de primatas não humanos com mRNA-1273 induziu atividade neutralizante robusta de SARS-CoV-2, proteção rápida nas vias aéreas superiores e inferiores e nenhuma alteração patológica no pulmão”.