Investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) integram um projeto internacional que, financiado em 1,79 milhões de euros, pretende, através de inteligência artificial, tornar o diagnóstico médico mais “claro e confiável”.
Em declarações à agência Lusa, Jaime Cardoso, investigador do INESC TEC, no Porto, explicou esta quarta-feira que o projeto, designado TAMI – Transparent Artificial Medical Intelligence, vai debruçar-se sobre três domínios médicos: cancro cervical, doenças pulmonares e doenças oculares.
A partir destas áreas, os investigadores vão, juntamente com a empresa First Solutions, desenvolver um conjunto de ferramentas de apoio à decisão médica, que, com base em algoritmos de inteligência artificial, visam explicar ao clínico e paciente o diagnóstico de determinada doença e a sua causa.
Neste três domínios vamos tentar que, através de um exame imagiológico, o computador consiga olhar para a imagem e explicar, por exemplo, se é cancro ou não, bem como quantificar o risco e explicar a avaliação de risco que fez, mostrando na imagem o suporte para a sua decisão”, afirmou o investigador.
Segundo Jaime Cardoso, a explicação poderá vir a tomar “várias formas” e a equipa, da qual integram também especialistas da Associação Fraunhofer Portugal Research, da Administração Regional de Saúde do Norte e da Carnegie Mellon University (Estados Unidos da América), está a “tentar perceber o que será uma boa e adequada explicação”.
A explicação pode ser somente visual, ao sobrepor sobre a imagem mapas de realce, mas também pode ser textual. Tudo dependerá de quem vai consumir a explicação, se o médico especialista, se o enfermeiro, se o médico que vai dialogar com o paciente. Tudo irá depender desses aspetos e do próprio caso”, referiu.
Além de quererem tornar as ferramentas de apoio à decisão “flexíveis”, os investigadores vão também tentar, durante os próximos três anos, que o sistema tenha por base “a imputação das justificações às diferentes fontes de informação”.
Um erro destes algoritmos tem um impacto elevado porque estamos a falar de uma vida e é com cuidado que se vão introduzindo estas técnicas. Elas só poderão ser, de facto, aceites quando a justificação for, de facto, aquela em que o especialista se revê. É por isso também que o sistema vai imputar a causa da sua decisão às diferentes fontes de informação, por exemplo, aos exames imagiológicos”, explicou.
Ao explicar como chegou a determinado diagnostico, o sistema pretende gerar maior “confiabilidade no médico e no doente”, sendo que poderá também vir a auxiliar na determinação de padrões de doenças.
O projeto TAMI, liderado pela empresa First Solutions, foi selecionado pela iniciativa ‘Go Portugal – Global Science and Tecnology Partnerships Portugal’ no contexto do programa CMU Portugal e é financiado em 1,79 milhões de euros pelo programa COMPETE 2020, Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e a Carnegie Mellon University.