Mais de quatro centenas de reclusos dos estabelecimentos prisionais do Norte vão ter a seu cargo “cães sem família” de instituições de Vila Nova de Gaia, ao abrigo do projeto “Pelos Dois” divulgado esta quarta-feira pela autarquia local.

O projeto será implementado nos estabelecimentos prisionais de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos, Izeda, concelho de Bragança, e Vale do Sousa, em Paços de Ferreira.

O “Pelos Dois” foi aprovado no âmbito dos “Programas Parcerias” para o Impacto da Portugal Inovação Social, pela associação DTC Social.

A câmara de Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, é o investidor social do projeto que visa desenvolver competências pessoais, sociais e emocionais nos reclusos, apostando na sua reabilitação com recurso a cães “sem família”.

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De acordo com informação disponibilizada pela autarquia o orçamento total para esta iniciativa ronda os 780 mil euros, dos quais 165 mil financiados pela câmara de Gaia.

Em concreto, o projeto “Pelos Dois” envolverá um universo de 432 pessoas da população reclusa masculina e 432 cães do Centro de Reabilitação Animal de Gaia, ou de associações de proteção animal locais.

Esta iniciativa pretende causar um forte impacto positivo na sociedade. Por um lado, no recluso, pretende promover a saúde mental e investir no desenvolvimento pessoal e social, capacitando-o e dando-lhe uma ocupação de tempo livre estruturante, educativa e útil. Por outro lado, através dos treinos básicos, os cães ficarão mais aptos a serem adotados, contribuindo assim para a diminuição da lotação dos centros de recolha animal”, descreve a autarquia em comunicado.

Na mesma nota, a câmara explica que na base deste projeto estão preocupações ligadas à “elevada prevalência de perturbações psiquiátricas na população reclusa portuguesa, o que aumenta os fatores de risco de reincidência”, bem como “a sobrelotação dos Centros de Recolha Oficiais de animais errantes.

O “Pelos Dois” propõe reabilitar os reclusos dos estabelecimentos prisionais de Santa Cruz do Bispo, Izeda e Vale do Sousa, dando-lhes a responsabilidade de cuidar, educar e treinar cães.

A iniciativa prevê, ainda, a existência de alojamento para os animais nas instalações dos estabelecimentos prisionais para que se possa garantir, diariamente, o bem-estar dos cães alocados ao programa, treinando-os, ao mesmo tempo que estes são divulgados para adoção numa plataforma criada para o efeito.