O Centro Europeu para a Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) aconselha os países que estão a ter um aumento do número de casos de infeção com SARS-CoV-2 a voltarem a aplicar algumas medidas mais restritivas, de forma faseada, tendo em conta o risco a nível local.

As recomendações surgem à medida que aumentam o número de casos em toda a Europa — alguns destes países tinham apresentado diminuições acentuadas do número de novos casos e um aparente controlo da epidemia — e estão refletidas num novo relatório publicado esta segunda-feira.

A autoridade europeia admite que o aumento do número de testes realizados — sobretudo a pessoas com sintomas ligeiros ou assintomáticas — pode justificar uma parte do aumento do número de novos casos, mas refere que muitos países estão a ter mais infeções devido ao relaxamento das medidas de contenção do vírus.

“No ECDC afirmamos que o risco de uma nova escalada de casos é moderado nos países que mantêm as medidas de distanciamento físico e de higiene adequadas e que fazem um número de testes e seguimento dos contactos suficiente, mas muito alto para países que não implementam ou reforçam as medidas, incluindo distanciamento físico e seguimento dos contactos”, diz Mike Catchpole, cientista-chefe do ECDC, em nota de imprensa.

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Mas o relatório do ECDC é ainda mais específico em relação aos riscos, tendo em conta número de casos, número de hospitalizações e medidas de contenção. Isto, considerando que têm uma boa capacidade de testagem, porque se não tiverem, a rápida identificação dos casos fica comprometida e a contenção dos surtos também.

Assim, o risco de escalada na transmissão do vírus é:

  • Moderado a alto: países que têm um aumento no número de casos, mas não no número de doentes internados e cuja taxa de testes positivos também não aumentou;
  • Alto: países que têm um aumento no número de casos e na taxa de testes positivos, mas não no número de doentes internados;
  • Muito alto: se perante o aumento do número de casos e da taxa de testes positivos, mesmo sem aumento nas hospitalizações, não forem implementadas ou reforçadas as medidas de prevenção;
  • Alto: aumento do número de novos casos e hospitalizações;
  • Muito alto: se perante o aumento do número de casos e de hospitalizações não forem implementadas ou reforçadas as medidas de prevenção.

Testar, testar, testar, continua a ser a palavra de ordem, assim como a rapidez com que se identificam os contactos próximos dos casos positivos para se reduzir tanto quanto possível a transmissão comunitária.

O centro europeu entende que com os sistemas de vigilância que estão implementados para a Covid-19 e com aquilo que já se aprendeu nos primeiros meses da pandemia, os países têm obrigação de estar melhor preparados para prevenir e detetar novos surtos. A quarentena dos casos positivos e o isolamento profilático dos contactos próximos são também medidas recomendadas.

“Com a continuidade da pandemia, há uma preocupação de que as pessoas deixem de aderir às medidas de saúde pública”, alerta Mike Catchpole. “É preciso continuar a transmitir a mensagem de que o vírus ainda está em circulação na comunidade e quais são as medidas que podem adotar diariamente para reduzir a exposição.”

Medidas de prevenção da exposição ao novo coronavírus:

  • Etiqueta respiratória — tossir ou espirrar para o antebraço ou para um lenço;
  • Higiene das mãos — lavar ou desinfetar com frequência, especialmente antes do contacto com a cara;
  • Distanciamento físico — um a dois metros entre pessoas que não partilham o agregado familiar;
  • Evitar ajuntamentos e reduzir o número de contactos;
  • Uso de máscaras — em todos os locais obrigatórios, incluindo os espaços fechados e transportes públicos;
  • Ficar em casa quando se sente doente.

Os países da União Europeia, Espaço Económico Europeu e Reino Unido reportaram já um total de 1.733.550 casos (10% do total mundial), dos quais 182.639 mortes (27% das mortes em todo o mundo), refere o ECDC.