A Polícia Judiciária (PJ) nega ter contratado o hacker Rui Pinto ou sequer que lhe esteja a pagar qualquer vencimento. Num comunicado enviado às redações, este órgão de investigação criminal esclarece que “todas as despesas” com a proteção do arguido estão “ao abrigo do programa de proteção de testemunhas”.
Não corresponde à verdade que Rui Pinto tenha sido contratado pela Polícia Judiciária, pelo que a PJ não paga, a Rui Pinto, qualquer vencimento”, lê-se no comunicado.
Desmentindo a notícia do Correio da Manhã deste domingo que dava conta da alegada contratação, a PJ lembra ainda que se reserva “no direito e no dever de utilizar todos os meios legais ao seu dispor, para a descoberta da verdade material dos crimes que investiga, sempre devidamente enquadrados pela legislação processual penal em vigor e pelas autoridades judiciárias competentes”. A notícia em causa detalhava que Rui Pinto tinha começado a trabalhar para a PJ “designadamente nos grandes casos de corrupção”, passado para isso a ser “financeiramente ajudado pelo Estado”.
Rui Pinto deixa prisão domiciliária. Juíza considera que o seu comportamento mudou completamente
No comunicado, a PJ faz ainda alusão à Lei de Proteção de Testemunhas — em relação à qual o caso do criador da plataforma Football Leaks, Rui Pinto, está enquadrado —, que considera “testemunha qualquer pessoa que, independentemente do seu estatuto face à lei processual, disponha de informação ou de conhecimentos necessários à revelação, perceção ou apreciação de factos que constituam objeto do processo, de cuja utilização resulte um perigo para si ou para outrem”.
Rui Pinto estava em prisão preventiva desde 22 de março de 2019 e foi colocado em prisão domiciliária a 8 de abril deste ano, mas em habitações disponibilizadas pela Polícia Judiciária. Na sequência de um requerimento apresentado pela defesa do arguido, a juíza Margarida Alves, presidente do coletivo de juízes que vai julgar Rui Pinto, decidiu colocá-lo em liberdade. O alegado pirata informático deixou as instalações da PJ este domingo. Ficou agora inserido no programa de proteção de testemunhas, sendo obrigado a apresentações semanais às autoridades.
Rui Pinto começa a ser julgado em 4 de setembro no Tribunal Central Criminal de Lisboa por 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por tentativa de extorsão ao fundo de investimento Doyen.