A confiança de Miguel Oliveira depois do histórico sexto lugar na Rep. Checa era evidente e nem a 11.ª posição na qualificação tinha quebrado essa vontade de aproveitar o bom momento para voltar a subir mais um patamar no MotoGP. Nas nove voltas iniciais, percebeu-se que havia razões para isso: com uma saída segura para evitar um take 2 do que aconteceu na Andaluzia com Brad Binder, o português passou para o décimo lugar e foi a partir daí, sem tanto “ruído” à mistura, que foi saltando posições até ao quinto posto. Nessa fase, o piloto da Tech3 estava a rodar com tempos que, nas 20 voltas seguintes, poderiam no limite valer pódio. Depois, num momento em que não teve nada a ver de forma direta e noutro onde foi um dos protagonistas, tudo acabou por cair por terra.

Miguel Oliveira seguia com ritmo de pódio, houve bandeira vermelha, caiu com Pol Espargaró e acabou GP da Áustria furioso na boxe

Primeiro “azar”: o violento acidente entre Morbidelli e Zarco, que por pouco não se tornou num momento trágico e que obrigou à decisão de bandeira vermelha que parou a prova e levou todas as motos para as boxes. Quando houve o arranque para mais 20 voltas, Álex Rins conseguiu intrometer-se na luta e empurrou o português para a sexta posição (sendo que mais tarde o mesmo Rins arriscou em demasia numa curva por dentro, caiu e saiu de prova…). Depois, na nona volta após o segundo arranque, surgiu o pior: Pol Espargaró, que chegou a estar na frente mas que foi caindo a pique e já estava no quinto lugar, alargou em demasia a trajetória de uma curva, Miguel Oliveira aproveitou para fazer a ultrapassagem mas foi depois “fechado” pelo movimento do espanhol e caiu.

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“É muito duro. Mostrámos velocidade e penso que teríamos sido capazes de alcançar um bom resultado para a equipa. Infelizmente, o Pol [Espargaró] estava com dificuldades para travar a moto e vi que ele estava a fazer algumas curvas largas, por isso, na quatro, vi que ele estava a fazer a curva muito mas muito larga e tentei ir por dentro. Normalmente quando um piloto sai, tentas tirar partido disso. Ele virou muito depressa e acabámos por colidir. Eu não consigo ver como poderia evitar o acidente. É uma pena mas temos mais uma oportunidade na próxima semana, por isso temos de continuar focados”, disse Oliveira à assessoria de imprensa.

“Foi erro meu, erro da equipa, erro de todos, porque não esperávamos que aparecesse uma bandeira vermelha nesta corrida e apareceu. Como na Rep. Checa, tínhamos a melhor mota e creio que hoje também a tínhamos. Aconteceu o que aconteceu. Éramos candidatos à vitória, agora tenho é ânsia pelo próximo fim de semana. Já falei com o Miguel sobre isso e chegámos a um entendimento de que não foi culpa de ninguém. Batemos um no outro e nenhum de nós pôde evitar o contacto. São coisas que podem acontecer numa corrida”, referiu Espargaró no final, que não entendeu a opção de trocar de pneus para usados após a bandeira vermelha.

Um sonho de qualificação, um pesadelo de corrida: Brad Binder atira Miguel Oliveira ao chão na primeira curva

Apesar da queda dos dois pilotos da KTM, o acidente mais abordado acabou por ser aquele que envolveu Johann Zarco e Franco Morbidelli e que ficou muito perto de ter consequências mais graves não só para os pilotos mas também para Valentino Rossi e Maverick Viñales, que por pouco não foram atingidos com as motos no seguimento da queda. E houve no final um alvo único criticado por vários pilotos – o que não acontece pela primeira vez.

“Está claro o que aconteceu: Zarco não quis ser ultrapassado na travagem e, por isso, travou à frente de Morbidelli. É um louco, não é novo em certas coisas. Seres agressivo não tem mal mas ele está a perder o respeito aos adversário. Este é um desporto perigoso, é preciso ter respeito. O Franco não podia fazer nada, atingiu-o com violência porque o Zarco travou à sua frente. Vi aparecer uma sombra e pensei que era o helicóptero que nos sobrevoava. Senti medo. O santo dos motociclistas hoje fez um grande trabalho porque foi muito perigoso. Foi o maior susto da minha vida, a moto do Franco não me atingiu por um triz!”, atirou Valentino Rossi.

“Travar assim a 300 km/h significa ter pouco amor para quem viaja contigo. Foi muito perigoso para mim, para ele, mas também para o Rossi e o Viñales. Estou bem tendo em conta o que podia ter acontecido mas o Zarco é quase um assassino. Espero que este incidente o faça pensar”, apontou Franco Morbidelli.

“Estava logo atrás do Valentino [Rossi] e o que posso dizer é que se uma das duas motos tem embatido nele este teria sido o pior dia da história do MotoGP. Tenho também de dizer que o Zarco está sempre no meio destas coisas. Quando há situações deste género, ele está sempre envolvido. Felizmente que nada de grave aconteceu. Vamos falar com a Comissão de Segurança sobre isto. Vai sempre ao limite. O problema é que alguns pilotos só pensam em si mesmos, algo que não é bom, pois temos de pensar 80% em nós e 20% nos outros. Ele não poderia ter esperado uma volta? Não estava a lutar pela vitória, não era a última volta… Se estás sempre no limite, por vezes as coisas acontecem”, salientou ainda Aleix Espargaró, irmão de Pol Espargaró.