Nenhum castigo, tudo resolvido mas um “conselho” para o futuro. Na antecâmara das sessões de treinos livres do Grande Prémio da Estíria, que se vai realizar mais uma vez no Red Bull Ring em Spielberg, o acidente que levou Pol Espargaró e Miguel Oliveira a desistirem da corrida de domingo na Áustria foi analisado esta quarta-feira pelos comissários da Federação Internacional de Motociclismo (FIM), que ouviram ambos os pilotos e decidiram ficar-se só por um apelo a ambos que é transversal a todos sem qualquer tipo de sanção na próxima corrida.

Round 2 entre Miguel Oliveira e Pol Espargaró com português ao ataque: “Nem todos nascem com a mesma inteligência”

“Falámos sobre o que aconteceu, eles disseram-nos que temos de respeitar os espaços e as trajetórias. Falei com o Pol [Espargaró] ainda antes de comentar o sucedido na televisão e está tudo esclarecido entre nós”, referiu após o encontro o piloto português da KTM, antes de contar também o que lhe tinha sido dito antes pelo espanhol que é companheiro de equipa. “Disse que na posição em que estava era impossível ver-me. Não posso contrapor isso… Mas a telemetria mostra que eu caí na sequência desse contacto e não antes, como já ouvi alguém dizer. Seja como for, somos companheiros de marca, foi azar”, destacou, tentando “encerrar” as declarações sobre o acidente.

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Ainda assim, e abordando mais uma vez a sua perspetiva do choque que lhe valeu a segunda desistência em quatro provas realizadas no Mundial de 2020 (a primeira tinha sido provocada por um toque de Brad Binder no pneu traseiro, também ele companheiro na KTM, no Grande Prémio da Andaluzia), Miguel Oliveira aproveitou para deixar um recado no futuro para Pol Espargaró, piloto que no final da temporada irá reforçar a Honda de Marc Márquez e que abrirá assim posição para o português subir à equipa de fábrica da KTM.

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“Aquela não era a sua trajetória normal. Já na primeira volta, na curva 4, ele tinha-se desviado e foi ultrapassado pelo [Joan] Mir. Se comete um erro é natural que alguém tire proveito disso. Do meu ponto de vista, um piloto não deve fazer figas ou ter cuidados redobrados ao ultrapassar por dentro outro que cometeu um erro. Ele é que deve entender que pode ser ultrapassado e por isso tem de ter cuidado”, salientou Oliveira.

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De recordar que, no domingo, em declarações à sua assessoria de imprensa, o português da Tech3 tinha lamentado a forma como saiu da corrida quando tinha todas as condições para superar o histórico sexto lugar na Rep. Checa. “É muito duro. Mostrámos velocidade e penso que teríamos sido capazes de alcançar um bom resultado para a equipa. Infelizmente, o Pol [Espargaró] estava com dificuldades para travar a moto e vi que ele estava a fazer algumas curvas largas, por isso, na quatro, vi que ele estava a fazer a curva muito mas muito larga e tentei ir por dentro. Normalmente quando um piloto sai, tentas tirar partido disso. Ele virou muito depressa e acabámos por colidir. Eu não consigo ver como poderia evitar o acidente. É uma pena mas temos mais uma oportunidade na próxima semana, por isso temos de continuar focados”, frisou o português.

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Mais tarde, em declarações ao Canal+, Miguel Oliveira deixou reparos ao espanhol, até por não ser a primeira vez que uma situação semelhante acontece: “Não quero atacar ninguém, não quero atacar o Pol mas penso que se deixa levar muito pelas emoções e talvez não pensa tanto por isso. Nem todos nascem com a mesma inteligência. Por vezes, é complicado ter isso durante a corrida. Quando estamos na mota, estamos a competir, temos muita adrenalina, mas, em simultâneo, temos de gerir o que pensamos. Não é algo que que seja dado a toda a gente”. E foi a essas declarações que Pol Espagaró respondeu de forma agressiva, num round 3 depois do acidente.

“Fiquei chocado, porque pensei que tínhamos uma boa relação. Já estive várias vezes na mesma situação, por vezes tendo culpa e respondendo a quente, mas nunca faltei ao respeito aos meus adversários, muito menos a um colega de equipa. Por isso essas palavras não foram bonitas e depois de o ouvir hoje nem sequer pediu desculpa. Nunca diria que nem todos nascemos com o mesmo grau de inteligência, é algo muito duro, especialmente porque ele está a pilotar a moto que eu construí. Não é bom e, claro, foi uma enorme falta de respeito. Creio que foi um comentário dito a quente e de certeza que ele sabe que não utilizou as melhores palavras para explicar a situação, especialmente uma da qual não fui culpado”, atirou o espanhol.