O violento acidente entre Franco Morbidelli e Johann Zarco que por pouco não apanhou também Valentino Rossi e Maverick Viñales acabou por monopolizar quase todas as atenções no rescaldo do Grande Prémio da Áustria que foi ganho por Andrea Dovizioso – e logo na semana em que se ficou a saber que não irá renovar contrato com a Ducati. No entanto, também o choque entre Miguel Oliveira e Pol Espargaró motivou muita conversa, sobretudo por se tratarem de dois companheiros de equipa da KTM (embora o português esteja na satélite Tech3) que acabaram por desistir a pouco mais de dez voltas do fim quando tinham posições prometedoras.

Miguel Oliveira seguia com ritmo de pódio, houve bandeira vermelha, caiu com Pol Espargaró e acabou GP da Áustria furioso na boxe

Pol Espargaró já tinha estado na liderança mas foi caindo posições até ao quinto lugar. Miguel Oliveira, que antes da paragem por bandeira vermelha ocupara o quinto posto, estava na sexta posição com um bom avanço para o sétimo classificado. Ambos ficaram de fora, sendo que, nas primeiras reações, acabaram por não entrar em despique direto em relação às culpas pelo acidente, com o espanhol a apontar mesmo baterias à equipa.

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“É muito duro. Mostrámos velocidade e penso que teríamos sido capazes de alcançar um bom resultado para a equipa. Infelizmente, o Pol [Espargaró] estava com dificuldades para travar a moto e vi que ele estava a fazer algumas curvas largas, por isso, na quatro, vi que ele estava a fazer a curva muito mas muito larga e tentei ir por dentro. Normalmente quando um piloto sai, tentas tirar partido disso. Ele virou muito depressa e acabámos por colidir. Eu não consigo ver como poderia evitar o acidente. É uma pena mas temos mais uma oportunidade na próxima semana, por isso temos de continuar focados”, comentou Oliveira à assessoria de imprensa.

Moto GP. Oliveira não culpa ninguém, Espargaró culpa equipa mas todos acabaram na Áustria a culpar Zarco

“Foi erro meu, erro da equipa, erro de todos, porque não esperávamos que aparecesse uma bandeira vermelha nesta corrida e apareceu. Como na Rep. Checa, tínhamos a melhor mota e creio que hoje também a tínhamos. Aconteceu o que aconteceu. Éramos candidatos à vitória, agora tenho é ânsia pelo próximo fim de semana. Já falei com ele sobre isso e chegámos a um entendimento de que não foi culpa de ninguém. Batemos um no outro e nenhum de nós pôde evitar o contacto. São coisas que podem acontecer numa corrida”, disse Espargaró.

“O acidente é fácil de analisar. O Pol estava sair largo há já um par de curvas. Na curva quatro eu estava perto dele e saiu muito largo, por fora. Como piloto, quando vejo uma abertura, especialmente uma grande, tento ultrapassar. Aparentemente quando ele estava a regressar à linha não me viu e foi por isso que caímos. Vimos nos dados que a minha queda foi causada pelo impacto que sofri do lado de fora da moto, foi por isso que perdi a frente e caí. Vi que o Pol estava a ter problemas e estava a estudar quando o ia ultrapassar. Teria acontecido naquela curva se não fosse a queda. É frustrante. Sabemos que é um incidente de corrida. É questionável o que um piloto vê e não vê mas a tendência do Pol parece que é de não olhar para o interior, todos vimos o incidente com o Johann [Zarco]. Mas não estou aqui para o culpar. Falámos depois da corrida, ele disse-me que não me viu, eu disse-lhe que também não o vi mas eu estava no interior da curva”, comentou depois o português ao Motorcycle Sports.

O “caso” parecia estar arrumado mas, em declarações ao Canal+, Miguel Oliveira entrou numa espécie de round 2, alinhando pelas críticas que já outros pilotos tinham feito na semana passada, na Rep. Checa, quando Espargaró acabou por ficar fora da corrida depois de um toque com Zarco. “Não quero atacar ninguém, não quero atacar o Pol mas penso que se deixa levar muito pelas emoções e talvez não pensa tanto por isso. Nem todos nascem com a mesma inteligência. Por vezes, é complicado ter isso durante a corrida. Quando estamos na mota, estamos a competir, temos muita adrenalina, mas, em simultâneo, temos de gerir o que pensamos. Não é algo que que seja dado a toda a gente”, salientou o português, a propósito da parte mais emocional do espanhol em prova.