“Podemos ver aqui Pol Espargaró na frente, Jack Miller em segundo e o vencedor, Miguel Oliveira, em terceiro. E estão com diferenças de 0.3, por isso a única coisa que Pol tem de fazer é uma volta perfeita. E quando digo perfeita é a volta normal, a rodar como estava”. No final da prova, a BT Sports fez uma análise dos momentos decisivos do Grande Prémio da Estíria, indo ao pormenor para explicar aquilo que o espanhol não conseguiu aproveitar e o que o australiano não soube explorar. Assim se começava a escrever o dia histórico para o desporto português.

Histórico: Miguel Oliveira consegue primeira vitória de sempre no Moto GP no Grande Prémio da Estíria

“A diferença ficou em quase zero por causa desta curva”, apontava Neil Hodgson em relação ao momento em que o pódio já se tinha tornado uma realidade para Miguel Oliveira, depois de Andrea Dovizioso ter forçado um pouco mais para se colar à roda do português antes de abrir a trajetória para não sofrer males maiores. “Miller conseguiu ultrapassar Espargaró na velocidade em reta e Miguel Oliveira com isso voltou a entrar no jogo. “Oliveira deveria estar a pensar ‘Já não consigo ganhar, o máximo é chegar-me mais a eles à espera que se possam atrapalhar’. Pol conseguiu passar, só tinha de controlar para ganhar a sua primeira corrida, Miller entretanto viu que tinha nova abertura. Oliveira travou depois na altura certa percebendo que estavam doidos na frente. Pol foi quase em frente e no meio disso o ‘senhor inteligência’ usou o cérebro, observou, deixou todos para trás e estava feita a primeira vitória de sempre de um português. Não podia estar mais satisfeito por ele. Os bons miúdos também ganham. Que diferença para a semana passada, onde estava frustrado na sua garagem…”, acrescentou.

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A imprensa internacional não passou ao lado do feito histórico de Miguel Oliveira. O que foi, quando foi, como foi. Um exemplo paradigmático: a Fox Sports fez a narração de todos os últimos segundos como se se tratasse do evento desportivo mais importante do mundo e com compatriotas envolvidos. Uma loucura, mesmo. E os elogios ao triunfo do português vieram de vários pontos distintos entre elogios ao percurso do Falcão de Almada.

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“Miguel Oliveira levou uma incrível vitória na Estíria num final impróprio para cardíacos. O português fez a sua estreia em casa da KTM após aproveitar a luta entre Pol e Miller (…) O português cedia metros e parecia que ia ser uma coisa entre dois. A Pol tocava tapar todas as partes mas Miller passou na curva 4. Espargaró tentou devolver na 9. Os dois saíram largo e Oliveira superou ambos. Brutal”, escreveu a Marca.

“O australiano [Miller] foi quem facilitou em boa parte a primeira vitória de Oliveira, apesar de também o próprio Pol com um erro na curva 3 da última volta ter ajudado. O piloto de Granollers entrou demasiado fechado e saiu muito aberto, o que permitiu a aproximação do corredor de Pramac para passar pela primeira vez na quarta curva. Na nona, Pol devolveu isso a Jack mas este respondeu com uma última viragem demasiado forçada, o que fez com que ambos abrissem e Oliveira pescasse no rio revoltado a sua primeira vitória. Em parte foi oferecido mas tinha de estar ali e tem muito mérito em conseguir como piloto satélite da KTM na Red Bull Tech3 de Poncharal. Por isso, felicidades para ele e para todo o Portugal”, salientou o As.

“As corridas mais dramáticas descobrem sempre os heróis mais inesperados. Ocorreu este domingo com Miguel Oliveira, vencedor da sua primeira prova no MotoGP. Ocorreu em Spielberg, cenário de acidentes arrepiantes como o que protagonizou Maverick Viñales, que teve de atirar-se da sua Yamaha a quase 220 km/h porque lhe falharam os travões em plena reta (…) Uma última volta onde Jack Miller quis tirar a vitória a Pol Espargaró, em que o piloto de Granollers quis defender a todo o custo o seu primeiro posto, onde Dovizioso e Binder viram as suas opções de se aproximarem dos três primeiros. Todos fracassaram nas suas intenções. Todos, menos Oliveira. ‘Tive muita sorte’, concederia depois”, realçou o El País sobre o triunfo do português.

Apesar da deceção por Pol Espargaró, que por exclusão de partes ficou também a uma curva de ganhar o seu primeiro Grande Prémio em MotoGP, os espanhóis reconheceram o mérito que Miguel Oliveira teve na vitória que deixou o apresentador da Teledeporte à beira de um ataque de nervos, de mãos na cabeça e a atirar papéis pelo ar, enquanto o ex-piloto Sete Gibernau, bem mais calmo, não queria acreditar no final de corrida na Estíria.