O presidente do PSD disse esta segunda-feira que PCP e Governo estão a dar um “mau exemplo” com a Festa do Avante, acusando o primeiro de prepotência e o segundo de não ter o mesmo rigor para todas as situações.
“Quer Governo quer o PCP estão a dar um mau exemplo ao país que todos os demais partidos, e não só, voluntariamente não fazem. Estamos no Minho, quantas romarias não foram canceladas este ano, e bem, justamente por causa de algo que o PCP e o Governo neste aspeto não estão a respeitar?”, perguntou Rui Rio.
O líder do PSD, que falava aos jornalistas à margem de uma visita à Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima, no distrito de Viana do Castelo, afirmou que “o PCP quer fazer a festa, mas o Governo vai autorizar a festa”.
“As responsabilidades são repartidas entre o Governo e o Partido Comunista. É algo muito prepotente por parte do Partido Comunista e algo que não se compreende por parte do Governo que, em algumas coisas, é muito rigoroso e, noutras, não tem rigor nenhum”, reforçou Rui Rio, duvidando do cumprimento das medidas de proteção na festa dos comunistas.
“São 33 mil pessoas num espaço muito amplo. Resta saber se à entrada as pessoas não se cruzam, à saída não se cruzam e se lá, no terreno, andam a dois metros de distância uns dos outros. É óbvio que isso não vai acontecer. (…) É inevitável que no decorrer da festa vão acabar por se juntar. É evidente isso. É quase impossível não acontecer”, considerou.
Para Rui Rio, seria “bem prudente que o PCP fizesse o que todos os demais partidos fizeram, que foi cancelar festas desse género”. “Era prudente, também, que o Governo não permitisse aquilo que se tem visto no Partido Comunista, que é o quero, posso e mando. Não há quero, posso e mando. Estamos em democracia, não estamos na União Soviética”, adiantou.
Na semana passada, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, garantiu que o partido está a trabalhar para “garantir com êxito” a realização da Festa do Avante!, tomando as medidas de proteção “necessárias”, na sequência da pandemia da covid-19.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) continua a analisar os moldes em que pode ser realizada a Festa do Avante e aguarda mais documentos técnicos dos promotores comunistas antes de dar o seu parecer final. A diretora-geral da Saúde, Graças Freitas, afirmou na quarta-feira que a DGS “elencou uma série de parâmetros que ainda precisa de conhecer” e aguarda que os promotores os façam chegar à entidade que vai avaliar as condições sanitárias do evento.
“Os trabalhos de preparação são de rigor e minúcia e implicam, da parte das várias estruturas envolvidas, uma ampla conversação. A DGS elencou uma série de parâmetros que precisa de conhecer para se poder pronunciar”, explicou Graça Freitas.
O PCP já anunciou que vai limitar a entrada na Festa do Avante a um terço da capacidade total, ou seja, para cerca de 33 mil pessoas, decido ao contexto de pandemia de covid-19. O espaço de 30 hectares das Quinta da Atalaia e do Cabo da Marinha, na Amora (Seixal), vai assim proporcionar cerca de nove m2 para cada militante ou visitante, entre 04 e 06 de setembro. Em recente comunicado, os comunistas garantem “toda a responsabilidade” e “condições” para o “usufruto em tranquilidade e segurança”.
Os responsáveis do PCP sublinham a adoção de medidas excecionais, como a “disponibilização de materiais de higienização, do adequado funcionamento de espaços de restauração ou de regras de distanciamento físico nas diversas atividades (incluindo a criação de assistentes de plateia)”, além do uso obrigatório de máscaras.