A Fiat Chrysler Automobiles (FCA) enviou uma carta a todos os seus fornecedores, pedindo-lhes para cessar imediatamente qualquer pesquisa ou desenvolvimento relativos a futuros modelos subcompactos. Ou seja, para parar qualquer investimento relacionado com o segmento B, pois o conglomerado italo-americano prepara-se para recorrer à arquitectura Common Modular Platform (CMP) do Grupo PSA, que serve de base aos Peugeot 208 e 2008, Opel Corsa e Mokka, bem como DS3 Crossback – todos modelos que se apresentam quer com motor de combustão interna quer com uma alternativa puramente eléctrica.

Na missiva que foi enviada no final de Julho, a FCA informava ainda que a produção de pequenos modelos assentes na CMP ocorreria na fábrica de Tychy, na Polónia, unidade de onde actualmente saem o Fiat 500 e o Lancia Ypsilon, com a imprensa italiana a avançar inclusivamente que a produção anual rondará as 400 mil unidades.

Recorde-se que a fusão entre a PSA e a FCA já tem nome, dando lugar a um novo grupo automóvel chamado Stellantis, mas ainda não foi aprovada, o que se espera que aconteça no primeiro trimestre de 2021. Há, contudo, óbices no que respeita aos veículos comerciais ligeiros, pois os dois grupos já são líderes na venda deste tipo de veículos em alguns mercados europeus de forma independente, o que significa que a fusão entre PSA e FCA agravaria ainda mais a situação. Razão pela qual o órgão que regula a concorrência no Velho Continente abriu um inquérito e está a estudar o assunto, devendo pronunciar-se a esse respeito no próximo dia 22 de Outubro.

Em 2019, juntando as vendas de veículos comerciais ligeiros na Europa da PSA e da FCA, os dois grupos teriam 34% do mercado. Mas em Itália, por exemplo, a quota seria de 48%

Como a fusão ainda não foi aprovada, o recurso da FCA à CMP é tratado como um negócio à parte, uma cooperação entre fabricantes rivais, para que a decisão – que beneficia ambos os grupos – não levante problemas jurídicos.

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A FCA já tinha anunciado pretender sair do segmento dos citadinos, embora seja líder de vendas com o 500 e o Panda, sendo que esta decisão prende-se com os avultados investimentos que seriam necessários fazer, em modelos que deixam magras margens, para adaptá-los às exigentes normas de emissões da Europa. Como o CEO Mike Manley fez saber, a estratégia da Fiat passa por regressar “num futuro muito próximo” ao segmento B, de “maior volume e com maiores margens de lucro”, o que pode significar que o Punto regressará com a plataforma do 208. Ou seja, sem necessidade de investir numa arquitectura que, para mais, está preparada para qualquer tipo de motorização. Não sendo a solução mais eficiente, acaba por ser a mais rentável a curto prazo.

Parece que, afinal, o Fiat Punto não foi enterrado

O Punto foi descontinuado em 2018, pese embora fosse o carro da Fiat mais vendido na Europa. Mas, no entender do então CEO Sergio Marchionne, entretanto falecido, o volume não era suficientemente grande a ponto de garantir que o investimento numa nova geração seria rentável.

Para já, a Fiat está concentrada no novo 500 eléctrico, berlina e cabrio, produzido no complexo de Mirafiori, em Turim, capaz de fabricar anualmente 80 mil unidades do icónico citadino.