O presidente executivo do Novo Banco vai ser ouvido na comissão de economia e finanças do Parlamento no dia 15 de setembro. António Ramalho será questionado sobre as operações de venda de ativos, em particular imóveis, que geraram perdas para a instituição e que resultaram em chamadas de capital por parte do Fundo de Resolução. No dia seguinte, a 16, será a vez do presidente do Fundo de Resolução, Luís Máximo dos Santos.

O CEO do Novo Banco deverá também dar explicações sobre as conclusões da auditoria independente elaborada pela Deloitte que só foi entregue ao Governo na madrugada desta terça-feira.

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A auditoria à gestão de 18 anos do BES/Novo Banco tinha sido pedida pelo Ministério das Finanças depois de ser conhecida o pedido de capital feito pelo Novo Banco em 2019, relativo aos resultados de 2018, e que foi no valor de 1146 milhões de euros.

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Esta iniciativa acabou mais tarde por ser enquadrada na lei geral que determina as obrigações de transparência e responsabilização no caso de bancos com ajudas públicas. De cada vez que existe uma ajuda, haverá lugar a uma auditoria, bem como o dever do Banco de Portugal de divulgar a evolução da situação dos grandes devedores cujo incumprimento originou as necessidade de capital que, por seu turno, conduziram à ajuda pública

Por isso, e para além da auditoria feita pela Deloitte aos 14 anos de gestão BES (Banco Espírito Santo) e aos quatro anos do Novo Banco, apanhando já uma parte da gestão privada pós-venda à Lone Star, haverá ainda lugar um trabalho adicional de escrutínio à gestão do ano de 2019 cujos resultados levaram a um novo pedido de capital ao Fundo de Resolução de 1035 milhões de euros este ano.

Na mira dos auditores estão as polémicas vendas de ativos, património e imobiliário, por parte do Novo Banco em carteiras a fundos internacionais, operações que geraram parte das perdas que vierem a forçar o Fundo de Resolução a colocar mais dinheiro na instituição, ao abrigo do contrato de venda assinado em 2017.

Esta entrada de fundos no Novo Banco foi parcialmente financiada com um empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução de 850 milhões de euros que foi autorizado pelas Finanças, em pleno estado de emergência por causa da Covid-19 em maio, e antes de serem conhecidos os resultados da primeira auditoria à gestão do Novo Banco, ao contrário do que tinha sido prometido pelo primeiro-ministro.

A conclusão da auditoria deslizou de maio para o final de julho, e no último dia dado por António Costa para a sua entrega soube-se que a auditoria tinha apresentado uma versão preliminar para comentários dos visados e que o relatório final só estaria pronto para entrega a 31 de agosto.

(notícia atualizada às 7h30 desta terça-feira, dia 1 de setembro, com a informação de que a auditoria fora entregue durante a madrugada)