Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, reagiu pela primeira vez (ou na primeira pessoa) à polémica criada pela presença de António Costa, primeiro-ministro, e Fernando Medina, líder da Câmara de Lisboa, na Comissão de Honra à sua recandidatura, que será apresentada oficialmente nos próximos dias. “Isto está a ultrapassar todos os limites”, atirou o número 1 dos encarnados, na partida da comitiva para a Grécia, onde o conjunto orientado por Jorge Jesus vai defrontar o PAOK na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões.

De António Costa e Fernando Medina a Cristina Ferreira e (em princípio) Jesus: quem está na Comissão de Honra de Vieira

“Estão a ultrapassar todos os limites. Nunca vi, e já aqui estou há muitos anos, uma campanha tão ofensiva e caluniosa. É algo a que tenho assistido, mas a verdade vem sempre ao de cima. Falarei quando entender que o devo fazer, até lá o mais importante é os nossos jogadores responderem em campo. Mas nunca vi na minha vida uma campanha tão vergonhosa. Críticas? Sou imune a isso”, comentou antes da partida para Salónica.

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Na véspera, dia em que os nomes de António Costa e Fernando Medina foram confirmados na Comissão de Honra, Varandas Fernandes, vice de Vieira desde 2012, também tinha tomado publicamente posição. “Em Portugal, lamentavelmente está instalada uma cultura de suspeição e de hipocrisia, marca dos nossos tempos. Cidadãos que ocupam cargos públicos são suspeitos, ora no campo da política, ou do desporto, ou até mesmo nas atividades de solidariedade social. Na grande maioria das vezes este episódios consubstanciam uma sociedade em que se sucedem debates estéreis e com intérpretes deprimidos”, começou por referir.

Costa reitera. Apoio a Vieira “é assunto que não tem nada a ver com a vida política”

“Não é por serem políticos que António Costa e Fernando Medina estão impedidos de tomar posição na eleição do seu clube. Não deixam de ser cidadãos e neste caso benfiquistas. Devem ser livres de ter as suas opiniões e livres de apoiarem quem serve melhor os interesses do clube. São dois sócios, entre muitos milhares, do Sport Lisboa e Benfica, e nessa condição decidiram integrar a Comissão de Honra de Luís Filipe Vieira. Fernando Medina tem dado provas de isenção para com todos os clubes da cidade. Apoiar não é favorecer. Como governante tem demonstrado equilíbrio e sentido de dever para com todos”, defendeu o dirigente, antes de falar do caso do FC Porto:  “Há uma diferença entre o que aconteceu no Porto e o apoio de António Costa. António Costa não integra qualquer lista à Direção do clube. Observem a quantidade de políticos no Conselho Superior do FC Porto. Esta perseguição ao Benfica e ao seu presidente é lamentável e reprovável”.

Antes, na quinta-feira, João Gabriel, porta-voz da recandidatura de Vieira à liderança, tinha falado também em conferência de imprensa naquilo que considerou ser “uma campanha permanente de insinuações que visam um único objetivo, interferir de forma indevida no ato eleitoral do Benfica agendado para o próximo mês de outubro”, e que descreve como algo que acontece “de forma continuada, grosseira e descarada”.

Vieira abre campanha e fala em “campanha permanente de insinuações”: “É insustentável continuar calado”

“Não é normal que, no dia em que o Benfica anuncia, pelo sétimo ano consecutivo, resultados positivos, surjam notícias que alguém plantou nos jornais no dia de hoje. Não é coincidência que, já na passada semana, um jornal tenha pré-anunciado uma suposta acusação que alegadamente surgirá nos próximos dias. Não é igualmente inocente que, tendo a empresa de Luís Filipe Vieira reestruturado a dívida ao Novo Banco – uma reestruturação que, diga-se, não implicou qualquer perdão, mas sim um reforço de garantias e liquidez  que se podem comparar a dezenas de outros processos idênticos e verificar se obedecem à mesma exigência –, semana após semana, o único processo que é mediatizado, e de forma deturpada, seja o de Luís Filipe Vieira”, salientou.

“Ao contrário de tudo o que é dito, insinuado, plantado e sugerido, a verdade é que foram o Benfica e o seu presidente os alvos de práticas criminosas e continuadas com o único objetivo de denegrir publicamente a instituição e o seu líder, sem qualquer consequência criminal até agora (…) É igualmente insuportável verificar que alguns benfiquistas exultam com estas notícias como se os meios justificassem os fins. Não pode ser e não pode valer tudo. Uma mentira repetida muitas vezes não se transforma numa verdade, no entanto, existe o risco de gerar uma perceção errada e é nisso que alguém está desesperadamente a apostar”, completou.