Continua a disputa legal que opõe a Epic Games, criadora do jogo “Fortnite”, à gigante norte-americana Apple, que chegou aos tribunais ainda em agosto. Em causa está a criação de um sistema de pagamentos diretos à própria Epic Games por parte dos jogadores de Fortnite, contornando dessa forma tanto o modelo da Apple como o da Google. Em consequência, o jogo foi banido das lojas de aplicações dos sistemas operativos móveis das empresas.
A resposta da Epic Games chegou já no início deste mês com um providência cautelar. A empresa exigiu a reposição do jogo nas lojas virtuais, bem como o levantamento das sanções aplicadas aos programadores, mais concretamente no bloqueio dos softwares de que dispõe, como o “Unreal Engine” para o iOS e o macOS, sistemas operativos da Apple para dispositivos móveis e computadores Mac respetivamente.
Nesta quarta feira foi a vez de a Apple retaliar à medida avançada pela Epic Games, num documento de 37 páginas: “Este processo (e as manchetes que gerou) parece fazer parte de uma campanha de marketing destinada a renovar o interesse pelo Fortnite”, lê-se.
A defesa escreve ainda que “a Epic começou um incêndio e deitou gasolina sobre este”, acusando a empresa de pedir agora ao tribunal “uma forma urgente de o apagar, embora [a Epic] o possa fazer num instante, bastando para isso aderir aos termos contratuais que regem lucrativamente a relação entre ambos há anos”.
À parte dos tribunais, a comunidade “Fortnite” – jogadores e espectadores de igual modo – tem tido razões para celebrar. Quando, em abril, os programadores criaram a primeira party royale – uma ilha dentro do jogo onde os jogadores não podiam usar violência entre si – a receção foi positiva.
Os Djs Diplo, Steve Aoki, Deadmau5, Kenshi e Yonezu encarregaram-se da música enquanto que, num outro palco, era exibida a curta “Nineteen Eighty-Fortnite”, uma paródia à Apple. No evento, sobrou ainda espaço para uma discussão sobre as questões raciais nos Estados Unidos. Outra das atuações, por essa altura, foi a do rapper Travis Scott, que se tornou num dos maiores acontecimentos internáuticos deste ano dentro do universo “Fortnite”.
Desta feita, o conceito evoluiu e desde o começo de setembro que foi iniciada uma senda de concertos denominada Spotlight. Para isso, a Epic Games construiu um espaço onde são captadas as imagens diretamente para o jogo, operadas com câmaras robóticas que podem ser manuseadas remotamente. O rapper Dominic Fike abriu o palco a 12 de setembro e é Anderson .Paak, músico que integra a dupla NxWorries, um dos responsáveis pela banda sonora do filme “Straight Outta Compton” e que se faz acompanhar dos Free Nationals, a assumir a musicalidade no sábado e domingo.
Fora dos palcos virtuais, a batalha legal entre as empresas continua. No documento libertado na quarta-feira, a Apple refere que o interesse no jogo “Fortnite” terá sofrido uma queda de 70% no período compreendido entre outubro de 2019 e junho de 2020, fazendo da Epic “um sabotador e não um mártir”. A resposta da Epic Games às palavras da empresa liderada por Tim Cook ainda não é conhecida, mas as duas partes voltam à sala de audiências a 28 deste mês.
O embate tem vindo a ser acompanhado com atenção em várias frentes. Um dos grupos mais afetado pelos desenvolvimentos é o dos programadores independentes, que contam com as ferramentas de desenvolvimento da Epic – é o caso do Unreal Engine – para lançar aplicações de jogos na cloud e que funcionam em iOS. Com as sanções da Apple, será necessária uma flexibilidade extra para lidar com a redução de 30% das apps Epic presentes na App Store, o que representa uma quebra considerável de receita.
Entretanto, há música. O concerto de Anderson .Paak decorre este sábado pelas 22h00 (hora de Lisboa), e os de domingo estão programados para as 04h00 e para as 18h00. A organização deixou em aberto a confirmação de mais nomes que devem ser anunciados em outubro.