Vários líderes africanos pediram esta quinta-feira, que foi o terceiro dia do encontro anual de líderes das Nações Unidas, ajuda para a sobrevivência das suas economias à pandemia de covid-19, que um chefe de Estado apelidou de “quinto cavaleiro do apocalipse”.

Durante as suas intervenções, chefes de Estado africanos destacaram a necessidade da libertação de recursos — em particular o cancelamento de dívidas — para combater a doença e o coronavírus que a provoca (SARS-CoV-2), assim como os seus efeitos em países afetados por condições endémicas, como a malária e o VIH.

Os países africanos estimam necessitar de 100 mil milhões de dólares (85,65 mil milhões de euros) anuais durante os próximos três anos e apontam que o valor é uma fração dos biliões de dólares que alguns países estão a utilizar para a recuperação das suas economias.

“Precisamos única e simplesmente de cancelar estas dívidas”, afirmou o Presidente do Níger, Issoufou Mahamadou, citado pela agência noticiosa Associated Press (AP).

O Presidente da Costa do Marfim, país que apresentava um dos maiores crescimentos económicos no mundo antes da pandemia, pediu uma extensão das moratórias para as dívidas, assim como a emissão de direitos de saque especiais junto do Fundo Monetário Internacional.

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“Apelo a todos os parceiros de África para que tomem medidas mais arrojadas”, disse Ouattara, assinalando que o combate à covid-19 e aos seus efeitos económicos representa 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do seu país.

De acordo com a AP, um responsável da Organização Mundial da Saúde sublinhou hoje que apenas 51% das unidades de saúde na África subsaariana têm serviços básicos no que toca ao acesso à água.

Nos seus discursos perante líderes de todo o mundo, os chefes de Estado africanos destacaram o que Ouattara apelidou de “resiliência extraordinária” face ao vírus, mas defenderam a necessidade de ajuda.

O Presidente da Costa do Marfim assegurou que o seu país irá investir três mil milhões de dólares (2,57 mil milhões de euros) nos serviços de saúde entre 2021 e 2025.

A presença e os efeitos da covid-19 em África, com uma população de 1,3 mil milhões de pessoas, têm sido menos graves que o antecipado, com o continente a registar mais de 1,4 milhões de casos.

Entre os possíveis fatores para a incidência, encontram-se a baixa média de idades, a chegada tardia do vírus ao continente e as pesadas medidas de contenção aplicadas pelos governos, que resultaram em fortes consequências económicas.

O Presidente do Burkina Faso, Roch Marc Christian Kaboré, recordou o discurso do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que no início do ano alertou para os “quatro cavaleiros do apocalipse”, que incluíam as tensões geopolíticas e as alterações climáticas.

“Infelizmente, (…) menos de dois meses depois, um quinto cavaleiro do apocalipse, o coronavírus, apareceu”, disse o Presidente do Burkina Faso.

Em África, há 34.839 mortos confirmados em mais de 1,4 milhões de infetados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente.