Bruno Fernandes chegou a Inglaterra no final de janeiro, marcou 12 golos até ao fim da temporada e foi considerado o Jogador do Ano pelos adeptos do Manchester United, mesmo tendo jogado apenas da segunda metade da época. A adaptação imediata tornou o médio português uma das contratações do ano na Premier League — mas ainda assim, nem Bruno Fernandes escapa às críticas.
Oito dos 12 golos que Bruno Fernandes marcou foram através de grandes penalidades, sendo que o Manchester United foi mesmo a equipa que mais penáltis sofreu na última edição da Premier League (14). As críticas mais recorrentes ao internacional português são, por isso mesmo, alegações de que só marca golos de penálti: e Bruno Fernandes faz questão de brincar com a situação.
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“Não podemos falar muito sobre penáltis, porque todos vão dizer que só marco assim”, disse o antigo jogador do Sporting aos meios do Manchester United, numa entrevista sobre a época passada. “Toda a gente fala de penáltis como se fosse fácil mas podes perder uma final se não marcares. O Manchester United venceu a Liga dos Campeões em Moscovo nos penáltis [em 2008]. Para muitos, é fácil quando estás em frente à televisão. É olhar para o guarda-redes e, se ele salta para a esquerda, rematas para a direita. Certo, mas eu estava a pensar rematar para esquerda e o guarda-redes defendeu. Pode acontecer. O que mais importa, para mim, é continuar a marcar”, explicou, garantindo depois que se sente “confiante” na marcação dos penáltis mas que não se importa de dividir a responsabilidade.
“O Rashford era quem marcava penáltis antes, então eu digo-lhe: ‘Quando te sentires confiante, se quiseres marcar, por mim não há qualquer problema’. O mais importante é marcar pelo Manchester United. Não importa se é o Bruno ou outra pessoa”, terminou o médio português.
Este sábado, o Manchester United disputava o segundo jogo na Premier League e deslocava-se a Brighton para defrontar uma equipa que perdeu com o Chelsea na jornada inaugural e derrotou o Newcastle na semana passada. Depois da escorregadela inicial com o Crystal Palace, que foi a Old Trafford surpreender e ganhar, Solskjaer parecia voltar à fórmula com que terminou a época passada e restaurou os lugares de Wan-Bissaka, Matic e Mason Greenwood no onze, depois de ter lançado Fosu-Mensah, McTominay e Daniel James no fim de semana anterior.
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A meio da semana, o Manchester United venceu o Luton Town na terceira ronda da Taça da Liga e o treinador norueguês poupou Bruno Fernandes, Mason Greenwood e Rashford, que entraram já nos instantes finais. O objetivo claro era ter os três jogadores prontos para defrontar o Brighton e não dar azo a mais um deslize. Os primeiros minutos do jogo, porém, colocaram o Brighton sempre mais perto do golo: a equipa de Graham Potter acertou nas traves três vezes, primeiro no poste por Trossard (10′), depois novamente por Trossard mas no outro poste (21′) e ainda na trave, por Webster (30′), num remate que De Gea ainda desviou.
Num jogo muito dividido no meio-campo mas onde o Manchester United não conseguia desatar o nó para causar perigo mais à frente, o golo do Brighton acabou por aparecer ainda antes do intervalo. Numa inversão daquela que costuma ser a história habitual, Bruno Fernandes cometeu grande penalidade sobre Lamptey e Neal Maupay converteu o penálti à Panenka (40′). Mesmo àbeira do fim da primeira parte, os red devils ainda empataram, na primeira vez em que se aproximaram da baliza adversária e através de um autogolo de Dunk na sequência de um livre batido por Bruno Fernandes (43′).
Já na segunda parte, o árbitro da partida ainda voltou a assinalar uma nova grande penalidade a favor do Brighton mas a decisão foi revertida pelo VAR. O Manchester United aproveitou e conseguiu desenhar o segundo golo: Bruno Fernandes soltou Rashford e o avançado inglês tirou o mesmo adversário da frente três vezes para atirar depois de pé esquerdo (55′). Até ao final da partida, a equipa de Graham Potter ainda voltou a abanar a baliza de De Gea, novamente por intermédio de Trossard (77′), Bailly e Van de Beek ainda entraram mas as surpresas estavam guardadas para os descontos.
Rashford arrancou, trocou as voltas à defesa do Brighton e acabou a fazer um grande golo ???? pic.twitter.com/8w4n2MSJal
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O Brighton jogou melhor do que o Manchester United, dominou por completo a partir da hora de jogo e recuou em toda a linha depois do golo de Rashford. O resultado da grande exibição da equipa de Graham Potter na segunda parte apareceu então ao quinto minuto de descontos, por intermédio de March, que apareceu sozinho ao segundo poste a cabecear depois de um cruzamento vindo da direita (90+5′). Mas no último lance do jogo, na grande área do Brighton, Maupay desviou com o braço um toque e Maguire: o árbitro da partida apitou para o fim do encontro e foi de imediato rodeado por jogadores dos red devils. Chamou toda a gente de volta, viu as imagens do VAR, assinalou grande penalidade e Bruno Fernandes deu a vitória ao United (90+10′).
Num jogo que vai ficar desde já na história da edição atual da Premier League, Bruno Fernandes começou a fazer grande penalidade e acabou a garantir a vitória com outra. A partida tinha acabado, o Brighton tinha jogado melhor e a equipa de Solskjaer somava um ponto em dois jogos. Até que Bruno Fernandes puxou a fita do tempo atrás e ofereceu a primeira vitória do Manchester United no Campeonato, estreando-se também a marcar na atual temporada.