O lar em Salto, com 33 utentes e funcionárias positivas à covid-19, vai ser evacuado de forma temporária no domingo para desinfeção do edifício, disse o presidente da Câmara de Montalegre.
No Lar de Nossa Senhora do Pranto, em Salto, concelho de Montalegre, 23 idosos e 10 funcionárias testaram positivo à covid-19. Há ainda três utentes com testes inclusivos, e apenas quatro, num universo de 30, deram negativo à doença provocada pelo novo coronavírus.
O presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves, que falava aos jornalistas após uma reunião que envolveu a Proteção Civil municipal e distrital, Autoridade de Saúde, bombeiros, Segurança Social, GNR e direção do lar, anunciou a “evacuação temporária” do lar.
A operação de retirada dos idosos irá decorrer no domingo de manhã. Os utentes positivos vão ser transportados para o pavilhão multiúsos da sede do concelho e os negativos serão acomodados em instalações que estão a ser preparadas em Salto.
“Será uma evacuação que durará pelo período de quatro a cinco horas, o tempo necessário para que uma brigada da GNR faça a desinfeção geral do lar”, afirmou Orlando Alves.
Os utentes regressarão durante a tarde de domingo à instituição, que possui condições para albergar os idosos positivos e negativos para que, segundo o presidente, “não sofram mais choques do que aqueles que as circunstâncias já estão a originar”.
A Segurança Social já destacou alguns dos elementos da brigada distrital de intervenção rápida, recentemente constituída.
Orlando Alves disse que, no domingo, já estarão no lar, pelo menos, um enfermeiro e uma auxiliar de ação direta, para colaborar nas tarefas de tratamento e de apoio aos idosos.
Para além dos utentes e funcionários da instituição, há também mais três casos positivos em Salto, um dos quais um homem que trabalha na distribuição de pão e dois alunos da Escola do Baixo Barroso, que partilham o mesmo autocarro.
As turmas dos dois adolescentes estão em isolamento, sendo que, numa delas, todos os estudantes já foram testados e, na outra, o rastreio vai ser feito na próxima semana.
“Não se pondo minimamente de parte que durante toda a semana, eventualmente, toda a comunidade educativa venha a ser testada, porque entendemos que apesar de todos os esforços, haverá sempre contactos entre alunos das diferentes turmas. Mais dia menos dia teremos de fazer uma intervenção de testagem a toda a comunidade escolar”, afirmou o autarca.
As autoridades de saúde estão a estudar as cadeias de transmissão da doença em Salto e uma das suspeitas que está em cima da mesa é que o caso possa estar relacionado com uma excursão que se realizou no dia 12 de setembro a Fátima.
“Sei que houve de facto aqui muito recentemente uma excursão a Fátima, naquela célebre peregrinação que juntou muitos milhares de pessoas”, referiu.
Os primeiros quatro casos de funcionárias do lar positivas à covid-19 foram conhecidos na quinta-feira e na sexta-feira foram realizados 57 testes a utentes da instituição, trabalhadores e familiares diretos.
O Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil foi acionado na sexta-feira e foram anunciadas medidas de prevenção para “impedir a disseminação descontrolada do vírus”, como o cancelamento por tempo indeterminado da feira de Salto que se realiza aos domingos, bem como de todas as atividades litúrgicas, como missas e ensaios do coro nesta freguesia.
Os serviços do polo do Ecomuseu de Salto também foram suspensos por tempo indeterminado, bem como a brigada da câmara do Baixo Barroso (serviços camarários), cujos elementos vão permanecer em isolamento ou vigilância, as vigílias e funerais ficam limitados a 10 pessoas, restaurantes, bares e cafés da freguesia encerram às 23:00
Orlando Alves deixou um apelo à comunidade para se mantenha calma e confiante nas instituições e para que todos se mobilizem “para esta guerra” e cumpram rigorosamente as normas da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Portugal contabiliza pelo menos 1.995 mortos associados à covid-19 em 78.247 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da DGS.