A discussão era sobre as partículas extremamente pequenas, os aerossóis, libertadas durante a simples respiração e que não devem ser confundidas com as gotículas (que são maiores) libertadas com a tosse, espirros ou até enquanto se fala. Afinal, depois de um passo em frente e dois atrás, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) norte-americano garante que é mesmo possível que o vírus da Covid-19 se transmita pelo simples ato de respirar. No entanto, faz várias ressalvas: só acontece em situações excecionais e está longe de ser a forma mais comum de contágio. Ainda assim, é possível ficar infetado mesmo mantendo um distanciamento de mais de 1,8 metros do portador do vírus.

Há duas semanas, uma atualização na página do CDC afirmava que o SARS-CoV-2 se podia transmitir através de aerossóis. Dois dias depois a informação era eliminada. A justificação oficial era de que teria sido publicado um rascunho, antes da revisão técnica. Esta segunda-feira, como anunciou o The Washington Post (conteúdo pago), a informação foi reposta.

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“Há evidências de que, sob certas condições, pessoas com Covid-19 parecem ter infetado outras que estavam a mais de seis pés de distância [1,8 metros]. Essas transmissões ocorreram em espaços fechados com ventilação inadequada. Às vezes, a pessoa infetada respirava com dificuldade, por exemplo, enquanto cantava ou fazia exercícios”, lê-se na página oficial do organismo norte-americano.

A seguir, o CDC deixa a observação: “Os dados disponíveis indicam que é muito mais comum que o vírus que causa a Covid-19 se espalhe por meio de contacto próximo com uma pessoa com Covid-19 do que por transmissão aérea.”

A ideia de que o novo coronavírus pode viajar em aerossóis não é nova e numa revisão literária assinada pela Academia Nacional de Ciências (publicada na revista Science em abril) conclui-se que “os resultados dos estudos são consistentes com a aerossolização do vírus pela respiração normal”. No entanto, esta revisão baseia-se em estudos científicos que não são conclusivos e, apesar de os próprios autores o reconhecerem, a Organização Mundial de Saúde criticou a conclusão, contrapondo com uma análise a 75 mil casos na China na qual não foram encontrados casos de transmissão aérea.

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