A candidata presidencial Ana Gomes garante que “vários membros do Governo já disseram” que a apoiariam. “Mas também devo dizer que há outros que preferia que não aparecessem“, comentou a ex-eurodeputada. Quem? “Não vale a pena, eles sabem quem são. Deixe-me ser diplomata”, atirou, em entrevista ao Público e Rádio Renascença.
Na leitura que é feita por Ana Gomes, muitos dos dirigentes socialistas estão “democraticamente à espera que o PS tome uma decisão sobre esta questão, não se revendo nas indicações que foram dadas naquela triste cena da Autoeuropa”. Esta é uma alusão aos comentários feitos pelo primeiro-ministro, António Costa, numa visita à fábrica de Palmela onde basicamente lançou a recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à presidência da República. Ana Gomes diz, aliás, que não fala “com o secretário-geral do PS [António Costa] para aí… há dois anos“.
Esperei durante algum tempo que o partido se definisse. Não o tendo feito, decidi avançar e agora não quero de maneira nenhuma interferir numa decisão do PS. Tenho confiança que as pessoas, os militantes socialistas, sabem pensar pela sua própria cabeça. Acho positivo que haja uma reunião marcada para o dia 24 de Outubro [entretanto adiada para dia 31 deste mês] e aguardo serenamente aquilo que lá for decidido”, diz Ana Gomes.
Ana Gomes afirma, ainda, na entrevista, que foi “uma das socialistas que foram a um congresso dizer que o PS tinha de meter a mão na consciência relativamente à forma como se tinha deixado instrumentalizar por José Sócrates“. E lamenta que, até hoje, o partido não tenha posto essa mão na consciência de forma suficiente: “não estou a falar do papel que cabe à Justiça; estou a falar das consequências políticas que um partido como o PS devia ter retirado, até para instalar confiança, não só nos seus militantes, mas em toda a sociedade”.
Por outro lado, a candidata presidencial diz ter “muito orgulho” em ter ao seu lado Paulo Pedroso, como responsável de campanha, que diz que conhece “muito bem”. “Não tenho dúvidas nenhumas de que Paulo Pedroso foi grosseiramente injustiçado, utilizado para eventualmente desviar atenções de outros. Não foi o único, mas foi”, afirma Ana Gomes, acrescentando que “nesse processo da Casa Pia nem as crianças vítimas foram devidamente ressarcidas, nem os verdadeiros responsáveis foram punidos”.
Paulo Pedroso. “É pessoalmente doloroso a extrema-direita agitar fantasma” da Casa Pia