Pedro Rodrigues, deputado, antigo líder da JSD e crítico da atual direção de Rui Rio, vai lançar um movimento alternativo com figuras do partido e independentes para criar as bases de um “Compromisso para um Novo Projeto Político para Portugal”.

As semelhanças com o atual Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD são evidentes. Tal como o órgão oficial do partido, também neste serão constituídos grupos de trabalho coordenados por uma personalidade e que terá de responder a um grupo mais executivo.  O objetivo é lançar um ciclo de discussões que deve estender-se pelos próximos 7 meses e, no final, será divulgado um documento político com as principais contribuições. Tudo em ano de autárquicas, as últimas eleições antes de Rui Rio enfrentar diretas no partido, algures no início de 2022.

A ideia é procurar soluções para áreas sectoriais chave como a reforma do sistema político, o Serviço Nacional de Saúde (SNS), política sociais, reforma fiscal ou retoma económica. Para já, o deputado do PSD não avança com nomes dos futuros integrantes do movimento, que devem ser conhecidos dentro de duas semanas.

Num texto enviado aos militantes do PSD, Pedro Rodrigues deixa o desafio a todos. “Que não fiquemos à espera de uma classe política que continua a encarar o mundo como se nada tivesse mudado nos últimos 50 anos. Que não fiquemos à espera de uma classe política que insiste em proteger o sistema político e de partidos, perpetuando-se no poder as práticas e os protagonistas de sempre”, escreve.

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Estou plenamente convicto que com o envolvimento, o empenho, o esforço, a energia, a criatividade e a experiência dos portugueses e, em especial, dos militantes do PSD que jamais se conformam e desistem”, lê-se.

Nesse mesmo texto, o social-democrata apela a todos os que querem “contribuir para que o PSD lidere uma nova maioria que liberte a classe média da asfixia fiscal em que vive aprisionada, que ofereça esperança às famílias que desesperam na procura de uma habitação, que afirme um modelo de desenvolvimento económico assente na qualificação dos portugueses e numa economia de alto valor acrescentado” se juntem ao movimento.

Pedro Rodrigues entrou em rota de colisão com Rui Rio há largos meses, depois de ter tentado forçar a discussão sobre um referendo à eutanásia, proposta a que o atual líder do PSD não chegou a dar resposta apesar de ter sido aprovada no congresso do partido.

Por este e outros embates, o antigo líder da JSD acabou por apresentar a demissão de coordenador do grupo parlamentar do PSD na comissão de Trabalho e Segurança Social por entender que estava a ser desconsiderado por Rui Rio. E foi já neste contexto, e com a eleição de Adão Silva como líder parlamentar — cargo que Pedro Rodrigues chegou a ambicionar –, que o social-democrata (tal como Álvaro Almeida, outrora próximo e agora crítico de Rio) perdeu lugar numa das principais comissões parlamentares, no caso a dos Assuntos Constitucionais, facto que motivou críticas durante a última reunião da bancada.