O Sudão vai ser retirado da lista de países apoiantes do terrorismo, anunciou esta segunda-feira o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, numa medida que permitirá ao país africano voltar a ter acesso a empréstimos internacionais.
A decisão dependia de o Sudão cumprir o acordo de pagar 335 milhões de dólares [285 milhões de euros] às vítimas de terrorismo norte-americanas e às suas famílias, permitindo ao país obter ajuda financeira essencial para reanimar a sua depauperada economia e salvar a transição para a democracia.
“Boas notícias! O novo governo do Sudão, que está a fazer grandes progressos, aceitou pagar 335 milhões às vítimas americanas de terrorismo e às suas famílias. Assim que for depositado, retirarei o Sudão da lista de Estados apoiantes do terrorismo. Por fim, justiça para o povo americano e um grande passo para o Sudão”, escreveu Donald Trump na rede social Twitter.
GREAT news! New government of Sudan, which is making great progress, agreed to pay $335 MILLION to U.S. terror victims and families. Once deposited, I will lift Sudan from the State Sponsors of Terrorism list. At long last, JUSTICE for the American people and BIG step for Sudan!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) October 19, 2020
O anúncio acontece após a visita ao Bahrein do secretário do Tesouro norte-americano, Stephen Mnuchin, para cimentar o reconhecimento de Israel pelo país do Golfo e num momento em que a administração de Trump procura aumentar o reconhecimento árabe ao Estado hebreu. Retirar o Sudão da “lista negra” de países apoiantes de terrorismo é um incentivo chave para o governo sudanês normalizar as relações com Israel, de acordo com a informação publicada pela agência Associated Press. O esperado estabelecimento de ligações diplomáticas com Israel por parte do governo de transição do Sudão é mais uma vitória diplomática do presidente norte-americano antes das eleições de novembro.
Por outro lado, a vinculação da decisão de retirar o Sudão da “lista negra” por parte de autoridades dos Estados Unidos tem causado divisões dentro do governo militar-civil sudanês. Mas a retirada da lista está, também, dependente de o Sudão pagar as compensações pelas vítimas dos bombardeamentos às embaixadas no Quénia e na Tanzânia, em 1998, conduzidos pela Al-Qaeda de Osama bin Laden quando o líder da organização terrorista vivia naquele país.
O Sudão atravessa uma difícil transição para um regime democrático depois de um levantamento popular no ano passado ter levado os militares a derrubar o líder autocrático, Omar al-Bashir, em abril de 2019. O país é conduzido por um governo militar-civil que se deverá manter em funções até às eleições previstas para o final de 2022. As negociações para retirar o Sudão da lista de países apoiantes do terrorismo decorrem há mais de um ano, mas os esforços norte-americanos para restabelecer relações com o país datam do final da administração do presidente Barack Obama, que iniciou o processo em janeiro de 2017.